Fernando Haddad, ministro da Fazenda, afirmou nesta segunda-feira (31) que, em sua visão, o ciclo de cortes na taxa de juros vai começar nesta semana e que o espaço que existe atualmente é “bastante considerável”. De acordo com o ministro, em entrevista ao canal TV GGN, do jornalista Luis Nassif, esse espaço para o corte na taxa de juros se deve à inflação deste ano, que está afetada pela reoneração dos combustíveis.
Governo vai cortar despesas se aumento de receitas não vingar no Congresso
“O próprio Banco Central (BC) reconheceu esse fator como algo que distorcia a inflação do ano passado, reduzida artificialmente e eleitoralmente para reverter o quadro desfavorável que o Bolsonaro enfrentava contra o Lula” disse ele durante a conversa com o jornalista citado.
Na visão de Fernando Haddad, o Comitê de Política Monetária (Copom) está “pouco plural”. Nesse sentido, ele afirma que o papel que o governo tem que cumprir neste momento, principalmente na nomeação de novos diretores, é justamente trazer pontos de vistas diferentes para o Copom.
Para o chefe da pasta, os diretores do Comitê têm informação, “mas ter informação é uma coisa, a análise da informação é outra”. Além disso, o ministro destaca que todos os diretores ao final do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), haviam sido indicados por ele, e que o mesmo acontecerá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que terá indicado todos os integrantes do grupo até o final do mandato.
“O Bolsonaro se dizia o governo dos empresários, porém não ouvia os empresários, sentamos com os industriais e eles dizem que não eram ouvidos, o varejo diz que não era ouvido, todos os problemas enfrentados por esse governo em relação ao varejo e a indústria foram acumulados no último período”, avaliou.
Ainda durante a entrevista, Fernando Haddad afirmou que a reforma tributária foi um fator que surpreendeu a todos no cenário econômico. “Ninguém acreditava que seria possível, e eu, não só acreditava como criei uma secretaria extraordinária para isso”, disse ele.
Por fim, o ministro ainda comentou sobre o encaminhamento da reforma para o Senado. Na ocasião, Fernando Haddad avaliou que o caminho mais adequado é a Casa dar uma “limada” na PEC, para que ela possa ficar mais enxuta. “Se tiver que voltar para a Câmara, o texto vai voltar para encerrar o assunto e dar o maior passo econômico que o Brasil poderia dar”, relatou.
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