Na tarde de ontem, 27, o banco central dos Estados Unidos, o FED, aumentou a taxa básica de juros da maior economia do mundo. Agora, os títulos americanos pagam entre 2,25% e 2,50% ao ano, o maior patamar em anos para o indicador. A medida faz parte de uma tentativa do governo de acabar com a inflação, que já soma 9,1% nos últimos 12 meses.
Apesar disso, os Estados Unidos têm dificuldade para acabar com o aumento de preços. Por lá, mesmo com uma queda do PIB por dois trimestres consecutivos, o mercado de trabalho segue forte, o que impede a diminuição da inflação. Por conta disso, o FED precisará ser mais agressivo, apontam analistas.
FED subiu os juros
Todo aumento de juros é prejudicial para a economia de qualquer país. Contudo, o caso dos Estados Unidos é diferente. Isso porque o país é a maior economia do mundo e, por isso, um aumento da taxa de juros por lá afeta todo o planeta. Na prática, o mundo inteiro fica prejudicado com a decisão do FED, mas, por outro lado, todos os bancos centrais seguem na mesma linha.
Isso porque o Banco Central Europeu também aumentou os juros da economia europeia, que agora é de 0%. No Brasil, o movimento de alta começou há mais de um ano, e a nossa taxa de juros está em 13,25%. Além disso, vale lembrar que está marcada uma próxima reunião do COPOM para a terça-feira, 2 de agosto. A expectativa do mercado é de mais uma alta. Segundo o último Boletim Focus, a Selic esperada no final do ano é de 13,75%, 0,5 ponto percentual acima do patamar atual. E o aumento dos juros pelo FED ajudam essas previsões, dado que o país precisaria aumentar ainda mais os juros para atrair investimentos estrangeiros.
Apesar do aumento de ontem, o mercado financeiro ainda acredita em mais altas. Até o final do ano, o FED deve elevar os juros dos Estados Unidos para patamares próximos a 4% ao ano, desacelerando muito a economia mundial.
Brasil e Estados Unidos em recessão?
Com o aumento das taxas de juros, muitos analistas discutem se o Brasil e os Estados Unidos entrarão em recessão. Contudo, não é isso que acontece na prática. Isso porque o aumento dos juros pelo FED servem para frear a economia, diminuir a inflação e estabilizar os preços. Contudo, o mercado de trabalho americano mostra dados diferentes.
Enquanto o FED quer desaquecer a economia, a taxa de desemprego dos Estados Unidos está em 3,6%, um patamar bastante baixo. Com o pleno emprego, economistas sempre esperam que a economia cresça, o que é contrário ao que o banco central americano quer. Por isso, esses dados mostram que, pelo contrário, a economia americana está indo bem, apesar de uma desaceleração. Dessa forma, economistas descartam a recessão no atual momento.
Para o Brasil, o cenário é o mesmo. Por aqui, dados do CAGED mostram a criação de vagas de emprego, mesmo com a taxa de juros em 13,25%. Além disso, vale lembrar que o FMI ajustou as previsões para o PIB do Brasil para 1,7% nesse ano. Com isso, as atitudes do FED ainda não puderam ser sentidas por aqui.