Há três semanas a Rússia iniciava sua invasão à Ucrânia. Os bombardeios no país vizinho continuam até hoje, 20 dias depois, e os impactos dos conflitos já podem ser vistos em todo o planeta. Aliás, um deles envolve diretamente as exportações brasileiras de milho, que devem crescer neste ano devido à guerra.
Em resumo, o Brasil é o terceiro maior exportador mundial de milho. Já a Ucrânia e a Rússia ocuparam a quarta e a quinta posição no ranking durante o período 2019/2020, respectivamente, segundo dados do Departamento de Estado americano da Agricultura.
A saber, a guerra vem afetando diretamente os setores econômicos de ambos os países. Enquanto a Ucrânia sofre com ataques diários, a Rússia enfrenta novas sanções todas as semanas. E este cenário está beneficiando não só o Brasil, mas grandes produtores agrícolas mundiais.
No ano passado, o Brasil sofreu grandes perdas da safra de milho devido a problemas climáticos, como seca e geada. No entanto, as projeções para 2022 se mostram bastante positivas, e a safra de milho pode crescer 29% em relação a 2021. A propósito, estes dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Em relação às exportações, “o aumento da produção brasileira alinhada à demanda internacional aquecida e câmbio favorável à venda deverão promover uma elevação de 67% das exportações do grão em 2022”, disse a Conab.
Guerra pode beneficiar exportações brasileiras
Embora os impactos da guerra na Europa sejam muito ruins, tanto do ponto de vista humanitário quanto econômico, os conflitos podem impulsionar as exportações brasileiras de milho. Aliás, o país poderia até ultrapassar a Argentina em 2021/2022 e se tornar o segundo maior exportador global de milho, atrás apenas dos Estados Unidos.
“Surgiu demanda para milho brasileiro com embarque imediato, o que não é normal no primeiro semestre, e também acelerou a demanda por milho para o segundo semestre”, disse Paulo Roberto Molinari, analista da consultoria Safras e Mercado.
No entanto, o presidente institucional da Associação Brasileira de Produtores de Milho (Abramilho), Cesario Ramalho, prefere manter a cautela. “Não temos segurança na questão do transporte marítimo de mercadorias”, que vem sofrendo com a guerra na Ucrânia. Além disso, os conflitos também estão prejudicando o fornecimento de fertilizantes, utilizado nas plantações de milho.
Por falar nisso, o Brasil importa 80% de todo o fertilizante utilizado. Deste total, 20% vem da Rússia, ou seja, os riscos de desabastecimento ainda são muito grandes, o que poderia prejudicar a safra atual de milho.
Seja como for, os conflitos no leste europeu estão desestabilizando os mercados internacionais. Em síntese, os preços de importantes commodities já dispararam e a expectativa de uma inflação global ainda mais elevada parece ser um consenso entre os analistas.
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