A demanda global por níquel estava aquecida nos últimos tempos. Contudo, a guerra na Ucrânia pressionou ainda mais os preços do elemento químico, que bateram recorde em março. E este cenário abre precedentes para o Brasil aumentar a sua exploração do metal.
A saber, o preço internacional do níquel chegou a alcançar os US$ 100 mil por tonelada no início deste mês. Esta foi a primeira vez na história que o valor do metal bateu esta marca. Em suma, isso aconteceu devido aos riscos envolvendo a produção de níquel da Rússia, que responde por 10% da produção global.
Em 2021, a produção brasileira de níquel chegou a 100 mil toneladas, o que fez o país ocupar a oitava posição no ranking dos maiores produtores mundiais do metal. Inclusive, a produção de níquel no país disparou 50% em apenas dois anos, e pode crescer ainda mais.
De acordo com estimativa do USGS, o serviço geológico dos Estados Unidos, o Brasil possui reservas estimadas em 16 milhões de toneladas. Em outras palavras, o país é o dono da terceira maior reserva de níquel do planeta, atrás apenas de Indonésia e Austrália, com 21 milhões cada uma.
Guerra pode impulsionar projetos de exploração de níquel no Brasil
Diante da guerra entre Rússia e Ucrânia, o Brasil pode expandir a sua participação no mercado global de níquel. Na verdade, os conflitos já estão beneficiando a receita gerada pelas exportações do Brasil. Agora, a guerra também deverá acelerar os projetos de exploração de níquel no Brasil.
“A alta do preço vai favorecer a busca por jazidas, estudos geológicos mais aprofundados e portfólios de projetos que estão esperando momento mais adequado”, afirma Aline Nunes, coordenadora de Assuntos Minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
Por falar nisso, o Ibram revelou que há quatro grandes projetos de produção de níquel em andamento no país. Em resumo, os projetos foram aprovados antes da guerra na Ucrânia, ou seja, não refletem as cotações atuais do níquel. A saber, os investimentos destes projetos chegam a US$ 1 bilhão.
“Níquel, cobre e cobalto estão iniciando um renascimento devido à transição global de energia de baixo carbono”, disse a vice-presidente executiva de Metais Básicos da mineradora Vale, Deshnee Naidoo, em teleconferência com analistas no fim de fevereiro.
“O aumento da demanda juntamente com a falta de oferta atrairá um interesse significativo por toda a indústria”, acrescentou. Aliás, ela acredita que o consumo destes metais deverá duplicar na próxima década, impulsionado pela popularização dos veículos elétricos.
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