O ex-senador de Roraima Telmário Mota, suspeito de ser o mandante do assassinato da mãe de sua filha, foi detido na noite de segunda-feira (30) em Nerópolis, Goiás, após ter sido considerado foragido pela polícia. Na mesma segunda-feira, a Polícia Civil iniciou uma operação para capturá-lo, mas não obteve sucesso. Siga a leitura para mais informações!
Telmário Mota é o principal suspeito do assassinato
As investigações apontam Telmário Mota como o suspeito de ter encomendado o assassinato de Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos. Ela foi morta com um tiro na cabeça em 29 de setembro em Boa Vista.
O sobrinho de Telmário, Harrison Nei Correa Mota, também conhecido como “Ney Mentira”, continua foragido e, de acordo com as investigações da Polícia Civil, é apontado como o executor do crime.
Antônia desempenhava um papel crucial como testemunha nas investigações relacionadas a uma acusação de estupro contra o ex-senador, conforme determinado pela Justiça. A denúncia foi feita pela filha de Telmário em 2022. Assim, o assassinato ocorreu três dias antes de uma audiência programada para abordar o caso. Até o momento da publicação deste relato, a polícia não havia divulgado detalhes adicionais sobre a prisão do ex-senador.
Acusação de estupro
Em agosto de 2022, a filha de Telmário Mota e Antônia Araújo, com 17 anos naquele momento, apresentou uma queixa formal contra o pai, alegando que ele a havia assediado, tocado em suas partes íntimas e tentado remover suas roupas no Dia dos Pais, após tê-la coagido a entrar em um veículo e consumir bebidas alcoólicas.
Na ocasião, Telmário negou as alegações, alegando que se tratava de uma perseguição de natureza política.
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Quem é Telmário Mota?
Telmário Mota, ex-senador de 65 anos, é graduado em economia e contabilidade. Sua trajetória política teve início em 2007. Ele ocupou uma cadeira na Câmara Municipal de Boa Vista. Naquela ocasião, assumiu o cargo de vereador como primeiro suplente da eleição municipal de 2004.
Em 2014, ele conquistou um assento no Senado. Durante as eleições daquele ano, Telmário Mota fez críticas contundentes a Romero Jucá (MDB), a quem considerava seu adversário político.
Nas eleições de 2018, ele se candidatou ao governo de Roraima pelo PTB, mas não obteve sucesso. Durante a campanha, Mota se autodenominou “doido” e instigou os eleitores a lhe dar uma oportunidade por esse motivo peculiar.
O político roraimense também é notório por se envolver em controvérsias, incluindo a promoção de teorias infundadas sobre o planeta Nibiru, a organização de rinhas de galo, a realização de festas durante a pandemia da Covid-19 e outros episódios controversos.
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Sobre a operação
A operação conduzida pela Polícia Civil com o objetivo de prender Telmário Mota ocorreu na manhã de segunda-feira. Isso após a expedição de um mandado de prisão temporária pelo Judiciário contra o ex-senador.
Embora não tenham conseguido localizar o político, os policiais executaram outras ordens de busca e apreensão, bem como mandados de prisão direcionados a indivíduos suspeitos de envolvimento no homicídio de Antônia. Harrison Nei Correa Mota, conhecido como “Ney Mentira”, o sobrinho do senador, permanece foragido, sendo um dos alvos dos mandados de prisão.
Outro alvo da operação foi Leandro Luz da Conceição, identificado como um dos executores do assassinato, que foi encontrado e detido em Caracaraí, no interior de Roraima. Cleidiane Gomes da Costa, assessora de Telmário, também foi sujeita a um mandado de busca e apreensão. Mesmo antes de confirmar a prisão do ex-senador, a polícia já havia indicado suspeitas de que ele estivesse em Brasília na noite de segunda-feira.
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O crime
A audiência referente à acusação de estupro contra a filha de Telmário estava programada para o dia 2 de outubro. De acordo com a Justiça, Antônia Araújo desempenhava um papel crucial como “testemunha chave” no processo. Assim, a sua morte “inequivocamente beneficiaria” o ex-senador.
Documentos obtidos pela Rede Amazônica sobre a investigação revelam que a decisão de eliminar Antônia foi tomada durante uma reunião na fazenda Caçada Real, onde Telmário Mota designou seu sobrinho Ney Mentira como executor do crime. Assim, a fazenda foi um dos locais sujeitos a buscas durante a operação desta segunda-feira.
Além disso, os investigadores descobriram que a moto utilizada pelos assassinos no dia do crime foi adquirida pelo sobrinho do ex-senador. Conforme informações da polícia, o veículo foi comprado por R$ 4 mil em dinheiro, estava registrado em nome de outra pessoa e tinha documentação irregular.
Dessa forma, o relatório menciona que, após a compra da moto, o sobrinho de Mota entregou o veículo à assessora do ex-senador. Assim, as investigações apontam que a intenção era levar a moto para reparos em uma oficina.
Conforme o documento, o sobrinho do senador “solicitou que a assessora entregasse a moto aos autores do crime em um local determinado”. Assim, a assessora de Telmário foi vista entregando a moto aos assassinos um dia antes do crime. Além disso, a Polícia Civil possui uma imagem dela pilotando a moto.
De acordo com a polícia, Cleidiane Gomes da Costa, a assessora, trabalhou com Telmário por cerca de 20 anos e era considerada uma pessoa de confiança do ex-senador. As investigações também apontam que a assessora monitorava Antônia e fornecia informações sobre a rotina da vítima a Telmário.