Ricardo Lewandowski, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou na noite de quinta-feira (22) que, em sua visão, o país esteve próximo de uma “ruptura institucional” no 08 de Janeiro. Na ocasião, apoiadores radiciais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes – STF, Congresso Nacional e Palácio do Planalto.
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“Eu diria com toda convicção de quem foi testemunha ocular dos acontecimentos, tanto no TSE quanto no Supremo Tribunal Federal, que nós estivemos muito próximo de uma ruptura institucional, muito próximo”, disse Ricardo Lewandowski ao comentar sobre os atos que culminaram na destruição de vidraças, móveis, obras de arte, objetos históricos, gabinetes de autoridades, etc.
A declaração aconteceu durante uma entrevista ao canal “Globo News”. Na ocasião, como exemplos de acontecimentos que demonstram um cenário de tentativa de ruptura, Ricardo Lewandowski mencionou os questionamentos sobre a segurança do sistema eleitoral brasileiro, os ataques que os magistrados do STF e do TSE sofriam nas mídias sociais e a invasão das sedes dos Três Poderes em si.
“Indícios mais contundentes do que este, de que estávamos próximo de uma ruptura institucional, a meu ver, é impossível de se conseguir”, disse ele, classificando o período como “terrível para história brasileira”. Apesar disso, ele evitou chamar as ações de tentativa de golpe, pois, segundo ele, “golpe de estado é uma expressão muito contundente, muito forte”.
Ricardo Lewandowski elogia seu substituto no STF
Durante a entrevista, Ricardo Lewandowski elogiou a escolha do advogado Cristiano Zanin para ocupar seu lugar na Corte – o agora ex-ministro deixou o STF ao completar 75 anos, idade máxima para alguém ocupar uma cadeira no Supremo. Segundo Ricardo Lewandowski, ele já teve contatos profissionais com o então advogado e sempre teve “a melhor impressão dele como profissional”.
“Eu fui relator de vários processos em que ele atuou. Ele atuou não apenas através de defesas escritas, mas também de defesas orais brilhantes, serenas e seguras. Ele é um advogado extremamente experimentado e vai se encaixar perfeitamente na primeira turma do Supremo Tribunal Federal e também no plenário. O que nós precisamos é de pessoas lúcidas, seguras e bem-intencionadas. O STF não precisa ser integrado por gênios e grandes juristas, pois afinal não é uma academia”, afirmou.
Ainda na ocasião, o Ricardo Lewandowski afirmou que o Supremo precisa de pessoas com reputação ilibada e experiência profissional. Nesse sentido, ele opina que Cristiano Zanin, que para ele preenche todas as condições para ser um excelente ministro, é o nome correto para a Corte por conta “do momento político que o Brasil vive”.
“É um momento depois do Brasil ter passado por um trauma onde os direitos e garantias fundamentais da Constituição foram colocados em perigo e chegamos muito perto de uma ruptura institucional. Eu penso que um ministro com perfil garantista, fiel ao que a Constituição diz, é uma pessoa certa, no momento certo e no lugar certo”, completou ele.
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