Marco Aurélio Mello, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou nesta sexta-feira (29) o ministro Luís Roberto Barroso após o ex-colega de Corte ter dito que as Forças Armadas são orientadas a atacar o processo eleitoral, dizendo que o membro do Supremo cometeu uma “ingenuidade pura” ao fazer a acusação.
Em entrevista à revista Carta Capital, Marco Aurélio disse que a declaração de Barroso foi um “ato falho”. “Ingenuidade pura pensar que Exército, Marinha e Aeronáutica – os militares, portanto – se engajarão numa aventura. Foi um ato falho do ministro Luís Roberto Barroso que não veio a contribuir para a pacificação que o clima está a reclamar. Foi um ato falho”, disse o ministro.
Assim como publicou o Brasil123, Barroso fez o comentário sobre as Forças Armadas enquanto participava do Brazil Summit Europe, um evento virtual promovido pela universidade alemã Hertie School, de Berlim, na Alemanha.
Na oportunidade, o ministro defendeu a segurança das urnas eletrônicas e condenou as tentativas de politização dos militares, dizendo que, até o momento, as Forças Armadas têm resistido a ser um objeto das “paixões políticas”.
“Um desfile de tanques é um episódio com intenção intimidatória. Ataques totalmente infundados e fraudulentos ao processo eleitoral. Desde 1996, não tem nenhum episódio de fraude. Eleições totalmente limpas, seguras”, disse o ministro na ocasião.
“E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar. Gentilmente convidadas para participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo”, completou Barroso durante sua participação no evento.
Ex-ministro fala em transição tranquila
Nesta sexta, durante a entrevista, Marco Aurélio destacou que prevê uma transição tranquila caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições. “Os homens passam pelos cargos e as instituições são perenes”, começou.
“Por educação familiar e educação, também considerada a minha caminhada, sou um otimista. Penso que os ares democráticos vieram para permanecer. Não há campo para saudosismo”, finalizou o ex-ministro do STF.
A fala de Marco Aurélio acontece porque Bolsonaro voltou a atacar a confiabilidade do sistema eleitoral. De acordo com especialistas, isso acende o sinal de alerta sobre a possibilidade de que, caso perca as eleições, o atual presidente se recuse a entregar o cargo sob a alegação de que as eleições foram fraudadas.
Leia também: Centrão e aliados esperam que Bolsonaro pare de criticar as urnas