Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia, prestou, neste terça-feira (14) à Polícia Federal (PF), um depoimento no caso das joias milionárias dadas pelo governo da Arábia Saudita em outubro de 2021. Durante o depoimento, de acordo com informações do canal “G1”, Bento Albuquerque disse que foi informado que os pacotes seriam “presentes de Estado”, entregues por um oficial do governo da Arábia Saudita quando o grupo chefiado por ele se preparava para deixar o país.
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Ainda segundo o portal, um advogado do ex-ministro contou que esses presentes não foram abertos até a chegada da comitiva ao Brasil, e que, em nenhum momento, o ex-chefe de Minas e Energia foi informado que as joias seriam para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ou para sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle.
O depoimento de Bento Albuquerque foi dado na casa de seu advogado, no Rio de Janeiro, e durou pouco mais de uma hora. Além do ex-ministro, quem também prestou depoimento foi Marcos Soeiro, ex-assessor de Albuquerque – ele foi representado pelo mesmo defensor.
O depoimento do ex-ministro aconteceu por conta de uma ordem de Augusto Nardes, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), que determinou que Bento Albuquerque respondesse perguntas como quais foram os presentes recebidos por ocasião da visita à Arábia Saudita e quais deles foram trazidos em sua bagagem.
PF vê indícios de crime
Assim como publicou o Brasil, uma investigação prévia da PF apontou a existência de indícios de crimes contra a administração pública no caso das joias doadas pela Arábia Saudita para o ex-presidente. Essas joias foram trazidas ao Brasil por integrantes do Ministério de Minas e Energia depois que ele viajou para o país em questão.
De acordo com as informações do portal, a avaliação foi feita em despacho da Corregedoria-Geral da Polícia Federal em Brasília, o que culminou na instauração do inquérito – Bento Albuquerque, por exemplo, foi ouvido nesta terça no âmbito das diligências desse inquérito em questão.
Ao todo, foram dois pacotes com joias. O primeiro tinha um colar de diamantes, brincos e um relógio feminino e foi apreendido, em outubro de 2021 junto com o então assessor do ministro das Minas e Energia, Marcos Soeiro.
De acordo com a Receita Federal, essas joias foram avaliadas em R$ 16,5 milhões, sendo que, na ocasião, auditores da entidade exigiram que fosse pago imposto para que a comitiva do ministério entrasse com os itens no Brasil. Como não houve o pagamento, as joias foram retidas no país, um procedimento burocrático que antecede a apreensão.
Já o segundo pacote, que continha um relógio masculino, caneta e abotoaduras, entrou no Brasil na bagagem do então ministro Bento Albuquerque, na mesma viagem. Como não foi retido pela Receita, esses itens foram entregues para Bolsonaro. Hoje, a PF investiga o suposto cometimento dos crimes de descaminho e advocacia administrativa, sendo possível as diligências apontarem outros delitos durante o seu curso.
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