Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia, prestou depoimento à Polícia Federal (PF) e confessou ter driblado os agentes da Receita Federal em outubro de 2021 para conseguir passar com um estojo de joias destinado pelo governo da Arábia Saudita ao então presidente Jair Bolsonaro (PL), informou neste domingo (02) o jornal “O Globo”.
Assim como já publicou o Brasil123, Bento Albuquerque foi quem liderou a comitiva da gestão Bolsonaro à Arábia Saudita. Ao todo, foram dois pacotes com joias vindos da Arábia Saudita foram endereçados a Bolsonaro e sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O primeiro pacote tinha um colar de diamantes, brincos e um relógio feminino e foi apreendido, em outubro de 2021, junto com o então assessor do ministro das Minas e Energia, Marcos Soeiro.
Já o segundo pacote, que levava um relógio masculino, caneta e abotoaduras, entrou no Brasil na bagagem do então ministro Bento Albuquerque. Como não foi retido pela Receita Federal, esses itens foram entregues para Bolsonaro. De acordo com “O Globo”, no depoimento à PF, o ex-ministro afirmou que “não chegou a comentar” com os fiscais da Receita no aeroporto de Guarulhos “que teria outra caixa na sua bagagem”.
Além disso, ele também afirmou que só abriu a caixa no dia seguinte quando estava no ministério e guardou o presente em um cofre por um ano antes de entregar a Bolsonaro. Na semana passada, essas joias foram entregues pela defesa de Bolsonaro à Justiça por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) e agora estão em uma agência da Caixa Econômica Federal.
Bolsonaro prestará depoimento
Na próxima quarta-feira (05), Bolsonaro deve prestar depoimento à Polícia Federal sobre o caso das joias. Além dele, a corporação deve ouvir o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cesar Lourena Cid, e outras oitos pessoas sobre o caso das joias entregues pelo governo da Arábia Saudita.
Bolsonaro e os outros intimados foram notificados que as oitivas deverão acontecer na data citada a partir das 14h30. Como relatado, o caso das joias veio à tona no começo de março, quando surgiu a informação de que dois pacotes com joias vindos da Arábia Saudita foram endereçados a Bolsonaro e sua esposa.
Na semana passada, a defesa de Bolsonaro entregou os itens, exceto os que estão no galpão do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet. Conforme publicou o jornal “Folha de S. Paulo”, na propriedade de Nelson Piquet, apoiador e amigo de Bolsonaro, estão itens de alto valor e tratados como bens pessoais do ex-presidente, como um relógio Rolex, um par de abotoaduras em ouro branco, com um brilhante cravejado no centro e outros itens de alto valor monetário.
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