A Segunda Guerra Mundial terminou a 76 anos, e somente agora um ex-guarda que trabalhava em um campo de concentração nazista irá ao tribunal. A acusação é de que ele foi cúmplice no assassinato de 3.518 prisioneiros em Sashsenhausen, próximo à Berlim, na Alemanha.
O homem cujo nome não pode ser revelado devido às leis alemãs, é acusado de ser cúmplice no fuzilamento de prisioneiros de guerra soviéticos, além de diversos outros assassinatos com gás. Desde o massacre da era nazista, a Alemanha tem se empenhado para punir os criminosos da época, e ele é o réu mais velho em julgamento até agora.
Até então, somente nazistas de baixa patente foram julgados. Porém, o julgamento e condenação do ex-guarda da SS John Demjanjuk, há dez anos, permitiu que os promotores também conseguissem julgar os cúmplices da época, além de estimular a busca por novos julgamentos. Até aquele momento, a participação direta em assassinatos precisava ser comprovada.
O réu foi conduzido nesta quinta-feira, 7, a um ginásio adaptado para comportar uma prisão na cidade de Brandenburg an der Havel. No local foi realizado o julgamento em meio a um forte esquema de segurança. O homem se apresentou em uma cadeira de rodas e em posse de uma pasta.
O ex-guarda nazista mora em Brandemburgo há anos, ao que parece como chaveiro, e preferiu não se pronunciar publicamente sobre o julgamento. O advogado de defesa, Stefan Waterkamp, informou que o réu decidiu não fazer nenhum pronunciamento sobre as acusações contra ele. Por outro lado, ele concordou em falar sobre as condições pessoais durante a audiência que será realizada nesta sexta-feira, 8, como a continuidade do julgamento.
O ex-guarda que hoje tem quase 101 anos tinha 21 quando começou a trabalhar na posição mencionada no campo de concentração de Sachsenhausen no ano de 1942. Devido às circunstâncias de saúde em que se encontra, o homem está autorizado a permanecer no tribunal pelo período máximo de duas horas e meia diárias. O julgamento está previsto para terminar em janeiro de 2022.
Na ocasião, o promotor público Cyrill Klement, lembrou sobre os assassinatos contínuos que aconteceram em Sachsenhausen entre 1941 a 1945. “O réu apoio isso de forma consciente e voluntária – pelo menos ao cumprir conscienciosamente seu dever de guarda, que estava perfeitamente integrado ao regime de assassinato”, ponderou.
No referido campo aconteceu a morte de dezenas de milhares de pessoas, incluindo combatentes da resistência, judeus, adversários políticos, homossexuais e prisioneiros de guerra. A câmara de gás foi instalada no complexo no ano de 1943, enquanto outras três mil pessoas foram massacradas em campo no momento em que a guerra estava próxima de acabar.
Este julgamento é de extrema importância para 17 coautores dos processos, incluindo alguns sobreviventes de Sachsenhausen. É o caso de Christoffel Heijer que tinha seis anos de idade quando viu o pai vivo pela última vez. Johan Hendrik Heijer foi um dos 71 combatentes da resistência holandesa que foram mortos a tiros em campo.
Também aos 100 anos de idade, um dos sobreviventes do campo de concentração alegou que este seria o último julgamento para ele, para amigos, conhecidos e entes queridos que foram assassinados. Por esta razão ela aguarda por uma condenação definitiva.