Na sexta-feira (21), o general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), esteve na sede da Polícia Federal (PF) em Brasília, no Distrito Federal, para explicar sobre os vídeos que mostram ele no Palácio do Planalto durante os atos de 08 de janeiro. Aos agentes da corporação, informou neste sábado (22) o portal “G1”, o ex-ministro disse que estava no local retirando extremistas, mas acabou não efetuando prisões, pois estava fazendo o “gerenciamento de crise”.
Ao todo, o general foi ouvido por cinco horas. Isso, depois de as imagens terem sido divulgadas e o ex-ministro ter pedido demissão do cargo. “Indagado porque no terceiro e quarto pisos, conduziu as pessoas e não efetuou pessoalmente a prisão, o depoente respondeu que estava fazendo um gerenciamento de crise e essas pessoas seriam presas pelos agentes de segurança no segundo piso tão logo descessem, pois esse era o protocolo”, detalhou a PF.
Ainda no depoimento, o ex-ministro pontuou que, sozinho, não teria conseguido prender os apoiadores radiciais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que, além do Palácio do Planalto, também invadiram as sedes do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto. “O declarante disse que não tinha condições materiais de, sozinho, efetuar prisão das três pessoas ou mais que encontrou no terceiro e quarto andares, sendo que um dos invasores encontrava-se altamente exaltado”, consta no documento da Polícia Federal.
De acordo com a corporação, em outro momento, ele disse que, caso tivesse visto a cena do major Natale oferecendo água aos criminosos, teria determinado a prisão do militar. “Indagado a respeito de o major José Eduardo Natale de Paula Pereira haver entregue uma garrafa de água a um dos invasores, o depoente ressaltou que deve ser analisado as circunstâncias do momento e os motivos do major. Todavia, ele ressaltou que, se tivesse presenciado o momento, teria prendido o major”.
Por fim, o ex-chefe do GSI, o primeiro ministro a cair desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu o terceiro mandato como chefe do Executivo, disse que, em sua visão, o sistema de inteligência não funcionou no dia 08 de janeiro – ele argumentou que não havia informações suficientes para embasar a tomada de decisões. “Indagado se o declarante entende se houve apagão da inteligência, respondeu que acredita que houve um ‘apagão’ geral do sistema, pela falta de informações para tomada de decisões”, diz a PF, que ainda relata que o ex-ministro ressaltou não ter “conhecimento a respeito de ações radicais que ocorreriam em manifestação na cidade de Brasília entre 6 e 8 de janeiro”.
Leia também: Apesar de chateado e triste, Lula avalia que não houve traição de general visto nos atos de 08 de janeiro