O caso das “rachadinhas” continua sendo um assunto ativo na vida da família Bolsonaro. Desta vez, a nova informação partiu de Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, que foi assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) entre os anos de 2003 a 2007 na Assembleia do Rio de Janeiro (Alerj).
Em entrevista ao portal “Metrópoles”, publicada nesta sexta-feira (03), Marcelo contou que devolvia, todos os meses, cerca de 80% de seu salário para Ana Cristina Siqueira Valle, que à época era mulher do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Segundo o ex-assessor, participar do esquema era a condição para conseguir e manter o emprego no gabinete do agora senador, mas que na ocasião era deputado estadual Flávio Bolsonaro. De acordo com Marcelo, Ana Cristina Valle era responsável pela coleta de dinheiro dos funcionários do gabinete.
“Ela ficava com 80% do salário, bem mais do que eu. E eu trabalhava, hein? Das pessoas que trabalhavam, que eram só laranjas, ela ficava com praticamente tudo. Só dava uma mixaria para usar o nome e a conta da pessoa. Eu ainda ganhava mais ou menos, porque eu trabalhava”, afirmou ao Metrópoles.
Na entrevista, ele chegou a revelar o montante que teria devolvido para a ex-mulher do presidente: cerca de R$ 340 mil. “Ela determinou o valor e ponto final. ‘Marcelo, vou te dar tanto’. Eu tinha que aceitar ou não. Se eu não aceitasse, não teria emprego. Eu estava desempregado, na m#rd@, morava mal na época, sozinho. Vou falar que não? Aquilo para mim já estava muito além do mercado na época. Então, abracei”, disse.
Segundo Marcelo, que afirmou que se sentia incomodado pela situação, pois sabia que a prática era ilícita, ele não estava cometendo crime, pois estava trabalhando, diferentemente da ex-mulher de Bolsonaro, que foi, inclusive, quem teria indicado o ex-assessor para o cargo.
“Eu sabia que ela estava furtando dinheiro público. Eu não estava, não, porque eu trabalhava, entendeu? Eu estava sendo lesado. Mas eu não podia reclamar […] Eu sabia que quem estava cometendo na verdade crime era ela, porque eu trabalhava, eu cumpria meu expediente”, afirmou.
‘Rachadinhas’ com o aval do presidente
De acordo com o ex-assessor, Ana Cristina foi a primeira a comandar o esquema das “rachadinhas”. Isso, com o aval do presidente Jair Bolsonaro, que teria determinado, após o fim do seu casamento com a mulher, que seus filhos, Flávio e Carlos, ficassem no comando do suposto esquema.
Por fim, Marcelo conta que não sabe qual era o destino do dinheiro que devolvia. Todavia, ele conta que Ana Cristina “tinha uma vida em que ela comprava tudo o que ela queria”.
“Não sei se ela dava o dinheiro para o Bolsonaro, se dava para o Flávio, dava para o Carlos, eu não sei. Ela que tem que prestar contas com isso aí agora. Eu só sei que eu entregava na mão dela. Agora, o resto quem tem que prestar contas é ela”, afirmou.
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