Quando o presidente brasileiro Jair Bolsonaro ganhou o poder há quatro anos, seu apoio mais firme veio da população cristã evangélica em rápido crescimento do país, que se uniu por trás de suas promessas de defender “valores familiares tradicionais”. Agora, com seus índices de aprovação em declínio acentuado e a próxima eleição presidencial se aproximando, o populista de extrema direita está mais uma vez cortejando sua base e acelerando as guerras culturais.
Promessas de Bolsonaro
Se reeleito, Bolsonaro prometeu preencher cargos importantes com evangélicos, como o pastor que ele nomeou para o Supremo no ano passado. Ele atacou os movimentos recentes para legalizar o aborto na Colômbia e em outros lugares da América Latina, prometendo impedir que o Brasil siga o mesmo caminho. “Eu lidero a nação na direção que você desejar”, disse ele a 280 dos líderes evangélicos mais influentes do Brasil em uma reunião este mês no palácio presidencial.
Se os evangélicos podem ajudar a impulsionar Bolsonaro ainda é uma questão dúbia, já que seu apoio diminuiu significativamente. Mas o poder da Igreja na política brasileira está se configurando como uma das histórias centrais no período que antecede a votação de outubro.
O que o presidente Bolsonaro tem feito?
Como presidente, Bolsonaro tem sido gentil com as igrejas do país, chegando a perdoar US$ 280 milhões em dívidas. Este mês, uma fita de áudio vazada para os meios de comunicação brasileiros sugeriu que Bolsonaro havia se curvado aos desejos de dois pastores evangélicos. Importante destacar que, ambos pastores eram conselheiros informais do Ministério da Educação, realizando o direcionamento do financiamento das escolas para municípios governados por seus amigos.
Apesar da gravidade das revelações, que resultaram em mais uma investigação sobre irregularidades do governo, o presidente e o ministro estão por enquanto duros, Ribeiro se recusou a renunciar, com seu chefe dizendo que enfiaria a cabeça no fogo por ele. Essa rara demonstração de lealdade presidencial destaca a importância da aliança de Bolsonaro com o movimento cristão evangélico do país para suas esperanças de reeleição em outubro.
Resultado do governo
Bolsonaro não cumpriu as promessas de prosperidade. Com muitos brasileiros chateados com o aumento da pobreza e seu manejo da pandemia, seu índice de aprovação caiu para 31%. Pesquisas recentes de como as pessoas planejam votar colocam o apoio a Lula em 44% – aquém dos 50% necessários para evitar um segundo turno, mas muito à frente dos 26% de Bolsonaro e outros sete candidatos, todos em um dígito.
Para mitigar a desvantagem nas disputas, pastores evangélicos vêm intensificando seus ataques a Lula, sugerindo que ele é uma ameaça aos valores cristãos e rejeitando seus apelos a seus congregados.
Importante destacar que muitos evangélicos perderam a confiança em Lula depois que ele foi preso por corrupção, condenação que o desqualificou para concorrer à presidência em 2018. A condenação foi cassada no ano passado, quando o STF decidiu que ela estava manchada por erros processuais e viés político da liderança do juiz.
Renúncia do ministro
O ministro da Educação renunciou nesta segunda-feira (28/03) após investigações sobre os fundos federais utilizados para ajudar aliados políticos, envolvendo alegações de pastores evangélicos exigindo suborno. Importante ressaltar que Bolsonaro vinha enfrentando pressão pública para demitir Ribeiro, de modo a não manchar a imagem do presidente para a eleição que ocorrerá em outubro.
Em suma, desde o início do governo em 2019, Ribeiro é o quarto ministro da Educação a sair.