O enviado especial do governo norte-americano, Daniel Foote, não ficou satisfeito com o cenário que encontrou ao chegar no Haiti para uma missão. Dois meses após a nomeação, nesta quinta-feira, 23, ele renunciou ao cargo por não concordar com as ações dos Estados Unidos da América (EUA) no país.
Em uma carta, Daniel relatou um cenário desumano a mando do presidente Joe Biden, que resultou em milhares de deportações de haitianos que cruzaram a fronteira partindo do México. O texto de renúncia foi enviado ao secretário de Estado, Antony Blinken, no qual ele descreveu o Haiti como um lugar onde os diplomatas americanos estão confinados nas instalações das forças armadas em virtude do período diário em que enfrentam.
O militar disse que a população haitiana está soterrada na miséria, e que já não é mais capaz de suportar o fluxo forçado devido à imersão de milhares de migrantes que enfrentam a fome, falta de abrigo e dinheiro no geral para manter o mínimo para a subsistência.
Ao analisar as condições locais ele menciona que a tendência do país é apenas piorar. Os relatos de deportações foram comprovados pela agência Associated Press que nomeou a ação como a maior retirada de imigrantes da história em décadas.
A decisão de renúncia de Foote foi evidenciada após o governo norte-americano, embarcar cidadãos haitianos que entraram no país passando pelo México, e que foram enviados de volta ao país de origem. Os acontecimentos provocaram uma forte onda composta por milhares de migrantes retidos em cidades mexicanas como Tapachula e Cidade Acuña há semanas.
Para entender melhor a situação é preciso saber que o Brasil e o Chile são os principais destinos de haitianos desde 2010, quando um terremoto provocou 200 mil mortes no país. Mas desde março de 2020, o México passou a aceitar imigrantes da América Central que tentaram entrar nos EUA sem visto mas não conseguiram. Porém, o governo mexicano permite a entrar de imigrantes de apenas três países: Guatemala, Honduras e El Salvador.
Os muitos haitianos que continuam tentando entrar nos EUA permanecem em busca de alternativas, normalmente em pontos do rio que separa o México dos EUA. Os poucos que conseguem atravessar a fronteira ficam perdidos e sem saber o que fazer depois disso, por isso, simplesmente esperam a deportação do outro lado do rio, do lado tão desejado. Diante da indecisão dos haitianos, o México também informou que irá regulamentar uma medida para deportar essas pessoas para a terra natal.
Hoje, 12 mil haitianos estão acampados em uma ponte na cidade de Del Rio, situada no Texas, mas devem ser retirados em breve. Também existem relatos de milhares de pessoas retidas na fronteira entre a Colômbia e o Panamá, uma parcela na tentativa de entrar nos EUA.