Os combustíveis derivados do petróleo estão cada vez mais caros. Desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, os preços das commodities dispararam, incluindo os do petróleo. Isso fez a Petrobras reajustar em 24,9% o diesel e em 18,8% a gasolina, derivados da commodity.
O cenário também fez o preço do etanol subir, apesar de o biocombustível ser produzido, principalmente, pela fermentação de açúcares e cereais. Em outras palavras, o encarecimento do petróleo também elevou o preço do etanol, visto que o mercado é livre e o produtor de etanol e a distribuidora podem subir o preço sem problemas.
A saber, o combustível é o principal concorrente da gasolina nas bombas do país. Há um cálculo que explica que o preço do etanol deve ser igual ou menor que 70% do preço da gasolina. Assim, o custo-benefício do etanol ficará mais atrativo do que o da gasolina. Caso o preço supere os 70%, é mais interessante abastecer o veículo com gasolina.
Seja como for, a alternativa aos combustíveis fósseis poderia ter muito mais força no país. Em resumo, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol, atrás apenas dos Estados Unidos. No entanto, o biocombustível sofre para se consolidar como uma alternativa aos combustíveis derivados do petróleo, como o diesel e a gasolina.
Veja os desafios para a consolidação do etanol no Brasil
De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o maior desafio para a consolidação do álcool etílico são as mudanças na legislação que o rege. Em suma, a falta de estabilidade impede a atração de mais investidores ao setor.
“Quando você escuta que vão desonerar o combustível fóssil, sem dúvida, você traz insegurança para os investimentos de empresários que querem produzir etanol”, disse Antônio de Pádua, diretor técnico da Unica.
Ainda segundo Pádua, a falta de transparência é outro grande problema para o setor. “O etanol vai continuar em paridade com a gasolina no mercado internacional? É fundamental que essa regra seja conhecida. Vamos manter uma política que valorize o combustível fóssil”, disse, destacando que o biocombustível ainda é novo e precisa de informações claras.
Outro fator que dificuldade o fortalecimento do etanol é a falta de incentivos do governo federal. O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), levantou esta questão ao comentar o Projeto de Lei nº 1.472, referente à estabilização dos preços dos combustíveis.
“Nós temos que ter também responsabilidade ambiental e, com todas essas discussões que estamos fazendo, incentivar combustíveis renováveis, de energia limpa. É algo a que o Brasil também tem que se adequar, até porque tem compromissos a cumprir muito sérios com a comunidade internacional e, obviamente, com toda a população”, disse Pacheco.
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