Um estudo divulgado nesta sexta-feira (15) mostrou que cidades que votaram em peso no presidente Jair Bolsonaro (PL), que sempre apresentou uma postura cética com relação à pandemia da Covid-19, tiveram taxas de mortalidade substancialmente mais altas do que aquelas que não votaram no chefe do Executivo.
Segundo a pesquisa, foi comparado os resultados da votação nas eleições presidenciais de 2018 no estado de Minas Gerais às taxas de infecção e mortalidade por Covid-19 nos municípios. Com isso, constatou-se que a doença teve maior incidência em áreas que votaram em Bolsonaro.
“Ele negou a gravidade da Covid-19, promoveu tratamentos sem eficácia comprovada e desencorajou o distanciamento social, uso de máscaras, ‘lockdowns’ e outras medidas de proteção”, diz no estudo Carlos Starling, da Sociedade Mineira de Especialistas em Doenças Infecciosas, um dos autores da pesquisa. Segundo ele, isso, “provavelmente, resultou em taxas mais altas de infecção e mortes por Covid entre os seus apoiadores”.
Conforme o levantamento, o estudo foi feito a partir de dados referentes aos meses de janeiro a novembro do ano passado. Com isso, foi possível identificar que:
- As taxas de infecção foram 30% maiores nos municípios onde o então candidato Bolsonaro venceu em 2018 – 7.600 por 100.000 habitantes, em média;
- As taxas de mortalidade foram 60% maiores ali, ou 212 por 100.000 habitantes, em média.
- Segundo Carlos Starling, ele e Bráulio Couto, que é especialista em bioinformática, vão apresentar o estudo neste mês no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas em Lisboa, Portugal.
A pesquisa, que ainda não foi publicada, vai ao encontro do estudo feito e publicado na revista médica “The Lancet” no mês passada. No estudo, foram comparados os resultados das eleições de 2018 no país às taxas de mortalidade por Covid-19 e também identificou que as cidades que votaram em Bolsonaro foram mais atingidas pela pandemia.
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