Números revelados nesta segunda-feira (17) pelo US News & World Report mostram que cursar o ensino superior nos Estados Unidos está cada vez mais caro. Para se ter uma ideia, o relatório mostra que o norte-americano médio economizou, no ano passado, US$ 5.011, cerca de R$ 24 mil. Isso, conforme o levantamento, significa que seriam necessários 75 anos para economizar dinheiro suficiente para enviar um filho para uma universidade de primeira linha dos Estados Unidos.
De acordo com os dados, a mensalidade média nas faculdades particulares dos Estados Unidos cresceu cerca de 4% no ano passado, chegando a pouco menos de US$ 40 mil, isto é, cerca de R$ 192 mil por ano. Em universidades públicas, este valor é de US$ 10,5 mil, cerca de R$ 50 mil, o que representa uma alta média anual de 0,8% para alunos do estado onde ela está localizada e cerca de 1% para alunos de fora do estado.
Todavia, estes valores estão maiores em universidades que são altamente classificadas ou seletivas. Em Harvard, por exemplo, a média anual é de US$ 57,246 (cerca de R$ 275 mil) em mensalidades e taxas. Este número aumenta quando se adicionam custos com moradia, alimentação, livros e outras despesas de custo de vida – os dados mostram que, com esses gastos, o valor chega a US$ 95.438 (cerca de R$ 460 mil) por ano.
Segundo o US News & World Report, nem sempre os preços foram assim. Isso porque, após o ajuste pela inflação da moeda, as mensalidades universitárias aumentaram 747,8% desde 1963, segundo a Education Data Initiative.
Já entre 1980 e 2020, o preço médio das mensalidades, taxas, hospedagem e alimentação para um curso de graduação aumentou 169%, um número bem menor do que o aumento dos trabalhadores de 22 a 27 anos, que tiveram um acréscimo de apenas 19% em seus vencimentos.
Para especialistas ouvidos pela publicação citada, isso pode explicar o porquê de a confiança dos americanos no ensino superior ter caído para um nível recorde – uma pesquisa recente mostrou que apenas 36% dos americanos confiam no ensino superior, uma queda de mais de 20% em relação há oito anos.
Catharine Hill, economista da organização educacional sem fins lucrativos Ithaka S&R e ex-presidente do Vassar College, credita este aumento ao fato de que está muito caro contratar professores. “O ensino superior é produzido principalmente por trabalhadores qualificados — professores e administradores”, afirma ela, relatando que “o preço deles na economia aumentou”.
Em outro momento, ela explica que os salários reais dos trabalhadores qualificados dos EUA ultrapassaram a inflação, mas alguns setores conseguiram compensar esses custos utilizando, por exemplo, a inteligência artificial, algo que não tem acontecido com as universidades. “Praticamente produzimos ensino superior da maneira que costumávamos fazer, que é um membro do corpo docente diante de uma turma de 20 a 40 alunos”, disse Catharine Hill, relatando que “isso significa que não houve ganhos de eficiência para reduzir esse custo.”
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