A estátua de uma mulher em bronze foi inaugurada na cidade de Sapri, na Itália. A obra foi criada por Emanuele Stifano em homenagem ao poema de Luigi Mercantini de 1857.
O texto foi escrito do ponto de vista feminino, retratando a história de uma expedição fracassada de Carlo Pisacane contra o reino de Nápoles. Pisacane foi um amante da mulher retratada na escultura em bronze.
A estátua retrata uma mulher usando um vestido transparente com apenas um braço sobre os seios. No entanto, a homenagem não foi bem vista pelo povo italiano, gerando uma onda de debates sobre machismo. As mulheres se sentiram ofendidas pela sexualização da imagem que o corpo feminino pode representar, pedindo que o monumento seja removido.
No entendimento da deputada Laura Boldrini, a estátua é uma ofensa às mulheres e a uma história que deveria ser celebrada. Em sua conta no Twitter, a democrata fez o seguinte questionamento: “Como as instituições podem aceitar a representação das mulheres como um corpo sexualizado? O chauvinismo masculino é um dos males da Itália”.
Neste sentido, é importante explicar que o poema foi escrito do ponto de vista de uma respigadora, a pessoa que coleta grãos deixados nos campos pelos colhedores. A profissional abandonou o emprego para se juntar à uma expedição sem êxito liderada pelo revolucionário italiano Carlo Pisacane contra o Reino de Nápoles, provocando 300 mortes.
A estátua da mulher em bronze foi inaugurada no último domingo, 26, e contou com uma solenidade oficial com a presença de políticos locais e nacionais, como o ex-primeiro-ministro, Giuseppe Conte.
Segundo um grupo de políticas que integram o Partido Democrata em Palermo, a demolição da estátua seria a atitude mais viável a ser tomada. A justificativa alegada foi que, “Mais uma vez, temos que sofrer a humilhação de nos ver representadas sob a forma de um corpo sexualizado, sem alma e sem qualquer conexão com as questões sociais e políticas da história”.
Para a senadora, Monica Cirinnà, a estátua em bronze consiste em um ‘tapa na cara’ da história feminina que ainda sofre com a sexualização dos corpos. A escultura que retrata a espigadora pela qual o autor do poema era apaixonado, não diz nada além do que a decisão de faltar ao trabalho para se juntar a um opressor.
Enquanto isso, o prefeito de Sapri, Antonio Gentile, se posicionou a favor da estátua em sua conta no Facebook. Para ele, é uma arte habilidosa e com uma interpretação espetacular pelo artista Emanuele Stifano. Ele ainda completou dizendo que a cidade não estava apta a “questionar seus valores, princípios e tradições”.
Para ele, o artista apenas se aproveitou da brisa do mar para realçar o corpo feminino. No entendimento dele, a estátua tem o objetivo de representar um ideal de mulher, alavancar o orgulho e despertar uma consciência. O prefeito concluiu informando que o projeto foi aprovado pelas autoridades.