Estagflação é o termo adotado para explicar um cenário que junta desempenho econômico estagnado com inflação elevada. Portanto, o fenômeno é perverso por pressionar em duas pontas o bem-estar da população.
Por um lado, a paralisia da economia desestimula os investimentos, principalmente os da iniciativa privada. O que reflete no aumento de pessoas sem trabalho, menor consumo, alta de subempregos e, de forma geral, no empobrecimento da população.
Entretanto, no outro extremo, a estagflação alavancada consome a renda dos brasileiros. O que também reflete em menos gastos e no desaquecimento das atividades. Um país atravessar ao mesmo tempo essas mazelas econômicas não é usual, visto que, normalmente, uma se contrapõe a outra.
Economia saudável e estagflação
Em uma economia saudável, o aumento dos preços gerado pela estagflação significa que as pessoas estão gastando mais. Portanto, seja na compra de produtos ou em serviços, há um crescimento.
Se isso ocorre, é sinal de que elas têm dinheiro, o que é sinônimo de pujança econômica. Em outro exemplo, o congelamento das atividades faz com que as pessoas recuem nos gastos. Afinal, o dinheiro ficou mais curto.
Com base na lei de oferta e procura, quando algo não é consumido, o produto, ou contratado o serviço, a tendência é que o seu preço seja reduzido para tentar atrair os compradores e clientes. De acordo com Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, a condição é ainda pior para as classes mais vulneráveis. Afinal, o efeito da estagflação é o aumento do desemprego e da baixa renda. Principalmente para a população mais pobre e que tem menos proteção. Portanto, ela acaba tendo que apelar para o emprego de menor qualidade, vagas temporárias. É uma situação de desalento para o emprego e a renda das pessoas.
O cenário da alta na inflação
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA, é o indicador oficial da inflação doméstica. Ele foi a 10,73% na prévia de novembro. Porém, para o ano que vem, o mercado estima que a variação de preços encerre dezembro em 4,96%.
O caos gerado pela pandemia do novo coronavírus resultou em uma crise sem precedentes na história moderna. Mas todas as principais economias do mundo enfrentam o desafio da inflação alta.
A diferença é que estes países já vinham com economias mais consolidadas, ou ao menos não em ritmo de letargia como a brasileira. Em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer algo em torno de 5%. Contudo, apenas por causa do forte tombo de 4,1% em 2020.
Com a rotina voltando ao normal, em 2022 o país volta a enfrentar barreiras já vistas anteriormente. Porém, que já travavam a economia e limitavam o crescimento do PIB para algo não muito mais do que 1%. Afinal, o Brasil já tinha um cenário econômico pré-pandemia bastante fraco. Mas com a crise, se fez necessário uma expansão fiscal muito grande, porém, o governo usou isso para gastar mais e angariar votos.
É necessário acompanhar o cenário econômico para ver como essa estagflação vai influenciar na vida dos brasileiros. Especialmente das famílias pobres e de extrema pobreza.