Apesar do risco de calote na dívida pública nos Estados Unidos, o dólar ganhou força em relação a outras moedas durante a semana. Segundo especialistas, isso mostra que o mercado não está preocupado com a situação e não cogita, de fato, que o governo americano deixará de pagar suas obrigações. Contudo, a situação política no país ainda é tensa.
Isso porque o governo segue negociando com a oposição, medida que ainda não possui acordo finalizado. Por um lado, o partido do presidente dos Estados Unidos, os Democratas, não querem contrapartidas para o aumento do teto da dívida. Os Republicanos possuem exigências.
O teto da dívida americana
Apesar da necessidade de aumentar o teto da dívida dos Estados Unidos, ainda não há um acordo entre governo e oposição. Isso porque, dentre os Republicanos, alguns parlamentares exigem contrapartidas. Contudo, o partido de Joe Biden não pretende aceitar as exigências, o que coloca um impasse na negociação.
Isso porque os Republicanos exigem cortes orçamentários de até US$ 4,5 trilhões. Contudo, esses cortes exigiriam renúncias de medidas prometidas pelo governo de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos. Em contrapartida, os Democratas, partidos do presidente, afirmam que a exigência é “um plano para devastar famílias americanas trabalhadoras“.
Atualmente, as casas de análise do Brasil e do mundo não projetam um calote efetivo na dívida americana. Isso porque, desde o início dessa política, essa mesma renegociação já foi feita mais de 70 vezes. Em todas elas, a negociação foi até as últimas semanas antes do prazo legal determinado.
Apesar da ínfima possibilidade de calote, as consequências seriam graves. Isso porque o governo deixaria de pagar benefícios sociais, além de retirar os planos de assistência social. Além disso, as importações diminuiriam, o que colocaria a economia mundial em uma grave recessão. Por fim, alguns títulos de dívida privada possuem cláusulas que permitem o não pagamento também em dívidas emitidas por empresas americanas.
Tensão no parlamento dos Estados Unidos
O aumento do teto da dívida americana vem gerando tensões no parlamento americano. Isso porque as negociações devem ficar ainda mais acirradas nos próximos dias. Segundo especialistas, Joe Biden, que já não possui uma ampla popularidade, pode perder ainda mais apoio no processo de renegociação. Ele buscará a reeleição para presidente dos Estados Unidos no ano que vem.
Até agora, o presidente americano vem se posicionando de forma a afirmar que abrir mão dos gastos públicos pode colocar em xeque as políticas públicas prometidas no início de seu mandato. Por outro lado, Republicanos usam a situação para tentar manchar o nome do atual presidente, já visando a corrida eleitoral para o próximo ano. Por conta disso, especialistas acreditam que até o dia 1° de junho, dia conhecido como o “dia X”, o teto da dívida dos Estados Unidos deve aumentar, mas com tensões.
Segundo o The New York Times, 64% dos eleitores democratas não querem Joe Biden como candidato para presidente dos Estados Unidos no próximo ano.