A falta de transparência sobre como o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende fechar as contas de 2024 pode prejudicar o equilíbrio fiscal do Brasil e, desta forma, atingir a credibilidade da equipe econômica junto a diversos agentes econômicos. Isso quem afirma é o ex-secretário do Ministério da Fazenda e presidente do Insper, Marcos Lisboa.
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Essa afirmação do especialista foi feita nesta quinta-feira (10) em entrevista ao canal “CNN Brasil”. Na ocasião, o economista afirmou que, hoje, tanto agentes do mercado doméstico quanto do exterior podem perder a confiança no equilíbrio fiscal do país em meio a indefinição sobre qual caminho será tomado no texto do Orçamento 2024, aumento das receitas ou redução das despesas.
Assim como publicou recentemente o Brasil123, o governo federal, por meio do Ministério da Fazenda, tem até o próximo dia 31 de agosto para enviar ao Congresso Nacional a proposta para o Orçamento de 2024.
Será exatamente nesta proposta que a equipe economia liderada pelo ministro da pasta citada, Fernando Haddad, poderá mostrar o que o governo petista pretende fazer para cumprir a meta fiscal prometida pelo próprio governo: a promessa é tirar as contas do vermelho e zerar o déficit primário no ano que vem, isto é, voltar a gastar mais do que arrecada.
Durante a entrevista, o economista relatou que o governo federal, sob a gestão de Lula, começou o ano bem. Isso, com relação à pauta fiscal. “Reconhecer a necessidade de controlar as despesas foi um bom sinal”, disse ele.
No entanto, Marcos Lisboa pondera que existe uma falta de transparência nos cálculos e que isso tem sido o principal problema da equipe. “Esse bom começo vai perdendo a força a partir do momento que não temos confiança nos números, porque eles mudam o tempo todo”, avalia o economista.
Para ele, ao comentar sobre a expectava e, consequentemente, sobre o Orçamento do próximo ano, “vai ser difícil as contar ficarem no azul”. Isso acaba contrariando a própria meta do governo.
Segundo o economista, o governo atual tem discutido o orçamento, mas, por outro lado, não está discutindo “a qualidade do gasto público, para onde vai esse dinheiro”. Não suficiente, ele ainda ressalta que é necessário um maior controle de gastos.
“O governo de transição já colocou uma lei para aumentar os gastos, tem várias promessas de aumento de gastos, e precisa aumentar a receita para dar conta desses gastos que foram prometidos”, disse ele, finalizando que alguns desses gastos já se tornaram emendas constitucionais e, “agora, não tem mais volta”.
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