O controle alfandegário de alimentos importados no Reino Unido precisou ser adiado depois de abandonar o mercado comum do conglomerado no mês de janeiro de 2021. A situação se agravou junto aos efeitos da pandemia da Covid-19 e do pós-Brexit, provocando o desabastecimento dos estabelecimentos pela escassez de alimentos.
A possibilidade da escassez de alimentos no Reino Unido foi alertada há semanas. O principal causador deste problema está relacionado à falta de mão de obra. A junção desses impasses é capaz de afetar negativamente uma série de setores econômicos e travar a retomada do país.
No que compete às fiscalizações de alimentos importados, este procedimento deveria ter começado em meados de fevereiro deste ano, mas foi oficialmente adiado para o dia 1º de janeiro de 2022. Porém, um comunicado recente do ministro do Brexit, David Frost, anunciou uma nova prorrogação no prazo para julho do ano que vem, devido aos problemas de abastecimento e estruturais.
A expectativa é para que a implementação de novos sistemas de controle alfandegário possam fomentar as cadeias de abastecimento britânicas, sobretudo, em um momento crítico em que a escassez de alimentos já atingiu a população.
A União Europeia é a principal parceira dos britânicos, motivo pelo qual 30% dos alimentos consumidos no Reino Unido são oriundos do bloco, de acordo com o Consórcio de Comércio Britânico. Desta forma, o novo cronograma anunciado prevê que as empresas preencham todos os formulários referentes às declarações alfandegárias no próximo mês de janeiro.
No que compete exclusivamente aos documentos voltados à segurança e proteção alimentar, bem como os certificados fitossanitários, a respectiva obrigatoriedade será implementada somente do segundo semestre de 2022 em diante, junto aos controles físicos dos alimentos que serão adquiridos.
Vale ressaltar que mesmo com a suspensão temporária dos controles alfandegários, o Reino Unido já tem sofrido os efeitos do Brexit. É o caso da famosa rede de restaurantes Nando’s, especialista em pratos com frango, e que precisou fechar as portas de algumas unidades devido à falta da matéria-prima.
No popular MC Donald’s a escassez se refere à falta de smoothies e demais bebidas engarrafadas, enquanto na rede de pubs, Weatherspoon, faltou cerveja para os clientes. De acordo com as fábricas da Coca-Cola em solo britânico, houve a falta de latas de alumínio. Já os supermercados Sainsbury passaram por uma situação crítica com as prateleiras vazias.
Em parte, os efeitos podem ter vínculo à nova lei britânica de imigração, vigente desde o mês de fevereiro de 2020. O regulamento restringe o acesso de cidadãos europeus ao mercado de trabalho do país. Por coincidência, a regra foi efetivada na mesma época em que a pandemia da Covid-19 teve início, situação que acabou deixando os ajustes quanto à mão de obra de lado.
Em complemento, a CBI ressaltou que vários membros fazem relatos sobre os acontecimentos recentes. “Além da pandemia ter interrompido a preparação e adaptação ao novo sistema de imigração, também fez com que muitos trabalhadores da UE deixassem o país para ficar mais perto de suas famílias”, concluiu.