Um manifesto assinado por entidades e organizações da sociedade civil repudiando os recentes ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral foi entregue nesta segunda-feira (16) ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin.
Nas últimas semanas, adotando uma postura semelhante à registrada no ano passado, Bolsonaro tem atacado as urnas eletrônicas e colocado em dúvida a transparência das eleições, mesmo já tendo admitido que não tem nenhuma prova de que suas acusações são verdadeiras.
De acordo com informações da “TV Globo”, o documento, intitulado “Coalização para a Defesa do Sistema Eleitoral”, foi assinado por entidades e organizações da sociedade civil, entre elas, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), a Coalizão Negra por Direitos e a Coletiva Mulheres Defensoras Públicas do Brasil.
Na carta, entregue para Edson Fachin durante uma reunião em Brasília, o grupo diz ser “inadmissível” a atuação de Bolsonaro que, segundo o documento, tem se portado de “forma exatamente oposta a seus deveres jurídicos e institucionais, atacando de forma periódica, reiterada e sistemática o sistema eleitoral brasileiro, dirigindo-lhe críticas infundadas, dúvidas e afirmações desprovidas de respaldo técnico e racional”.
Ainda na carta, essas entidades afirmam que não irão aceitar ser “reféns de chantagens” e nem de “ameaças de ruptura institucional”. “Não aceitamos a condição de reféns de chantagens e ameaças de ruptura institucional após pouco mais de três décadas em que a normalidade democrática foi restabelecida em nosso país, com o custo de muitas vidas, sofrimentos, privações e lutas”, disse o grupo no manifesto.
Por fim, o documento ainda traz um trecho em que as entidades afirmam que a postura de Bolsonaro tem como objetivo “gerar instabilidade institucional, disseminando a desconfiança da população brasileira e do mundo acerca da correção e regularidade das eleições brasileiras”, desacreditando o Brasil e o sistema eleitoral que, de acordo com o grupo, tem evoluído e entregado resultados com transparência.
“Foi, inclusive, o sistema que permitiu que o atual presidente assumisse seu cargo e fosse diplomado, com mais de 50 milhões de votos, nas últimas eleições”, ressaltou o documento entregue ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
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