Entidades que são ligadas a setores de pagamentos, comércio e serviços assinaram um manifesto nesta quarta-feira (23) contra propostas que visam promover mudanças no parcelamento de compras sem juros. De acordo com o manifesto, existem riscos à economia brasileira em caso de extinção, taxação ou limitação desse tipo de operação.
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Essa carta foi assinada por entidades como Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Associação Brasileira de Instituições de Pagamentos (Abipag), Associação Brasileira de Internet (Abranet) e Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste). Além dessas entidades, também assinaram o manifesto:
- Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad);
- Associação Brasileira de Academias (ACAD Brasil);
- Associação de Lojistas do Brás (Alobrás);
- Conecta, Parcele na Hora, Euroconsumers Brasil;
- E União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências (Univinco).
“Do ponto de vista dos consumidores, o PSJ [parcelamento sem juros] é a oportunidade de adquirir um produto ou serviço em condições que se encaixem melhor em seu orçamento. Para o comércio, o parcelamento é uma linha de crédito para capital de giro mais barata e a chance de fidelizar clientes”, diz o texto, que ainda cita uma pesquisa realizada pelo Datafolha encomendada pela Abranet.
Nessa pesquisa em questão, consta que 75% da população tem o hábito de parcelar as compras. No manifesto, as associações ainda dizem que, no ano passado, por exemplo, a modalidade representou metade das compras com cartão de crédito no país e movimentou mais de R$ 1 trilhão.
Não suficiente, o manifesto lembra que uma análise feita pela consultoria LCA estimou que o impacto da restrição do parcelado sem juros poderia representar um aumento de 35% no custo do crédito, o que resultaria em uma retração de até 27% do volume concedido. “Estudos indicam que a extinção do PSJ poderia causar uma perda de R$ 190 bilhões para o varejo, gerando um efeito dominó sobre os outros setores da economia”, afirma.
No documento, Carol Conway, presidente da Abranet, diz ser “inadmissível” que o parcelamento de compras sem juros seja “extinto, taxado ou alterado” e a livre concorrência “deve prevalecer”. Segundo ela, os varejistas e credenciadoras de cartões seriam os principais afetados pela limitação do parcelamento sem juros. Isso porque os lojistas usam esse modelo de compra para atrair clientes e aumentar o volume de vendas e as maquininhas se beneficiam da antecipação de recebíveis demandada pelos comerciantes, com tarifas mais altas para prazos mais longos.
Essas eventuais mudanças no parcelamento de compras sem juros passaram a ser consideradas nas discussões envolvendo as altas taxas do rotativo do cartão de crédito e a elevada inadimplência. Hoje, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem dito que o parcelamento de compras sem juros é “muito importante” para a atividade econômica e que nenhum dos participantes envolvidos no debate sobre as altas taxas do rotativo do cartão de crédito quer tomar decisões que tenham impacto abrupto no consumo da população brasileira.
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