Viver no Brasil não tem sido tarefa fácil nos últimos tempos, ainda mais para os motoristas que abastecem seus veículos com diesel ou gasolina. A saber, estes combustíveis acumulam aumentos expressivos neste ano e vem tornando a vida de muita gente ainda mais difícil.
Em resumo, o preço da gasolina disparou 73,4% no acumulado do ano. Já o diesel tem um reajuste um pouco menor, de 65,3%. A propósito, esses valores se referem às distribuidoras do país. Em outras palavras, estes reajustes foram repassados pela Petrobras para as refinarias.
Em valores reais, o preço do litro do diesel subiu de R$ 2,02 para R$ 3,34 entre o final de dezembro de 2020 e outubro deste ano nas distribuidoras. Da mesma forma, a gasolina iniciou o ano bem mais barata, custando R$ 1,84. No entanto, com o novo reajuste da Petrobras, o valor subiu para R$ 3,19.
Já o consumidor final paga valores ainda mais altos do que aqueles praticados nas distribuidoras. Em suma, o preço médio do diesel subiu de R$ 3,635 na primeira semana de 2021 para R$ 5,048 na semana encerrada em 23 de outubro (+38,87%). Já a gasolina teve alta de R$ 4,517 para R$ 6,361 nesse mesmo período (+40,82%).
Todos estes valores superam em muito a inflação do país acumulada entre janeiro e setembro deste ano. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 6,90% em 2021, valor mais de cinco vezes menor que a alta dos combustíveis.
Veja o que vem aumentando os preços do combustíveis
Os aumentos praticados pela Petrobras resultam na elevação dos valores nas bombas do país. Em síntese, isso vem acontecendo por dois principais motivos: a forte valorização do dólar, ainda mais nos últimos tempos, e a alta expressiva do petróleo. Segundo a Petrobras, a elevação dos preços dos combustíveis também ocorreu para evitar risco de desabastecimento.
“Esses ajustes são importantes para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”, disse a estatal, em nota.
A saber, o dólar acumula alta de 8,50% no ano ante o real. A valorização da moeda norte-americana vem ganhando cada vez mais força nas últimas semanas graças ao Auxílio Brasil. Em resumo, o novo programa social do governo substituirá o Bolsa Família e elevará o valor médio pago de R$ 190 para R$ 400, pelo menos até o final de 2022.
O mercado teme essas ações populistas do governo, pois muitos acreditam que a medida é angariar votos para o presidente Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022. O problema é que o aumento dos gastos públicos impulsiona a inflação do país, que já está nas alturas há tempos. Como consequência, o Banco Central (BC) eleva a taxa básica de juros do país, a Selic, reduzindo ainda mais a retomada econômica do Brasil.
Do cenário exterior, o que ajuda a impulsionar os preços dos combustíveis são os altos preços do petróleo. Enquanto o barril WTI, referência norte-americana, encerrou a nona semana consecutiva em alta, o barril Brent, referência mundial, subiu pela sexta semana seguida. Isso mostra que os preços da commodity estão escalando valores vistos pela última vez anos atrás.
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