Há quatro meses, o Ibovespa encerrava o primeiro semestre do ano aos 126.801 pontos. No ano, acumulava ganhos de 6,54%, com destaque para o segundo trimestre, quando subiu 8,7% e saiu do campo negativo. Contudo, os desafios que se mostravam à frente se somaram a alguns outros problemas e o Ibovespa encerrou outubro no menor patamar em quase um ano.
Após a leve alta de 0,46% em junho, o principal índice acionário da Bolsa Brasileira reverteu sua trajetória. Acumulando perdas em julho (-3,94%), agosto (-2,5%) e setembro (-6,57%), o Ibovespa afundou mais 6,74% em outubro. Com isso, caiu para 102.507 pontos, menor nível desde 45 de novembro (102.507 pontos), e sua parcial no ano está negativa em 13,04%.
Em resumo, o índice vem sofrendo no segundo semestre com todos os desafios previstos, que não eram poucos. No entanto, as preocupações cresceram ainda mais em outubro com a saúde fiscal do Brasil, empurrando o Ibovespa cada vez mais fundo no poço em que se encontra. E as expectativas para novembro também não se mostram muito favoráveis.
Antigos problemas continuam afentado o índice
No início de julho, os principais desafios para o Ibovespa eram a pandemia da Covid-19, a crise política, a inflação elevada e o aperto monetário. Todos estes problemas continuam presentes, ou seja, o índice ainda precisa enfrentá-los em novembro para tentar acumular ganhos. Aliás, muitos deles estão até mais sérios do que no início do semestre.
Em relação à crise sanitária, a vacinação nos países continua avançando. A Delta, variante mais transmissível do novo coronavírus, continua elevando o número de casos e mortes em algumas regiões do planeta.
O Brasil até vem registrando números bem menores que os de março e abril, por exemplo, quando a média diária de óbitos passou dos 3 mil. Atualmente, a média está em 332, número quase dez vezes menor, graças à vacinação contra a Covid. Entretanto, a segunda onda provocou tantas mortes, que o país já superou a quantidade de óbitos de 2020.
Além disso, o desgaste do governo Bolsonaro continua alto. O presidente divulgou o novo programa social, o Auxílio Brasil, que substituirá o Bolsa Família. E isso tende a debilitar ainda mais a saúde fiscal do Basil, que já se encontra em dificuldades de pagar as contas atuais. Vale destacar que o aumento de gastos públicos impulsiona a inflação no país, que já está nas alturas.
Novos desafios para o Ibovespa
Em suma, uma inflação elevada reduz o consumo, pois os preços dos produtos ficam mais caros. Nesse caso, o principal instrumento do Banco Central (BC) para conter a inflação é a Selic. Inclusive, o banco já elevou a taxa básica de juros do país seis vezes apenas neste ano, e deve aumentá-la ainda mais até o final de 2021.
Uma Selic mais alta funciona para reduzir o poder de compra do consumidor e desaquecer a economia. Dessa forma, a inflação tende a cair com a alta da Selic. Mas isso aumenta os temores em torno da estagflação do Brasil (termo que se refere à estagnação econômica e ao aumento da inflação no país).
Todo esse cenário acabou impulsionado pelo Auxílio Brasil, que entrará em vigor no país em novembro. O programa disponibilizará R$ 400 aos beneficiários, mas isso apenas em dezembro, porque o governo ainda não encontrou meios de financiar o programa.
Aliás, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a equipe econômica vem tentando viabilizar meios de alterar o teto de gastos públicos, tido como âncora fiscal do país. E uma das opções consiste em criar uma “licença para gastar” com o programa assistencial.
A saber, o governo pretende pagar R$ 400 até dezembro de 2022, o que faz o mercado acreditar que a medida é para angariar votos para o presidente Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais do ano que vem. E isso também não é bem visto.
Por fim, o tombo do Ibovespa ficou bastante expressivo em outubro devido às ações. De 91 papéis da carteira do índice, apenas 12 tiveram alta. Isso quer dizer que apenas 13,5% das ações subiram no mês.
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