Após recuar levemente em agosto, o dólar encerrou setembro com um avanço expressivo de 5,34%. A saber, esse é o maior avanço para o mês em seis anos. Com o acréscimo desse resultado, a moeda norte-americana agora acumula alta de 4,98% em 2021.
Além disso, o dólar também saltou 9,51% no terceiro trimestre, maior avanço para o período desde 2015 (+27,55%). Esse também é o maior ganho trimestral da divisa americana desde os três primeiros meses de 2020, quando disparou 29,44%. À época, a decretação da pandemia da Covid-19 fez os investidores de todo o mundo buscarem o dólar.
Em setembro, a pandemia até ajudou a fortalecer o dólar, especialmente por causa da variante Delta. No entanto, outras preocupações se sobrepuseram e impulsionaram a moeda no mês. E isso ocorreu tanto no âmbito doméstico quanto no exterior.
Riscos internos e cautela externa fortalecem dólar
Em primeiro lugar, o mercado ficou atento ao Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA. A entidade já sinalizou que os juros adotados no país começarão a subir assim que os estímulos injetados na economia acabem de vez. E a expectativa é que isso aconteça em meados de 2022.
A saber, o Fed compra títulos públicos no valor de US$ 120 bilhões por mês desde março de 2020 por causa da pandemia. Além disso, o banco vem adotando juros baixíssimos no país, entre 0% e 0,25%. Tudo para aquecer a economia, que sofre com a crise sanitária. No entanto, indicadores econômicos do país estão cada vez mais positivos. Por isso, o Fed confirma que reduzirá “em breve” os estímulos na economia do país.
Ao mesmo tempo, o Brasil, que é autossuficiente em produzir problemas, enfraquece o real. Aqui, a população sofre com inflação alta, taxa básica de juros subindo, crise hídrica e energética, combustível cada vez mais caro e reajustes salariais cada vez menores. Não é de se estranhar que o real tenha apanhado tanto para o dólar em setembro.
Veja como isso afetará você
Em suma, quando o dólar sobe, os consumidores passam a pagar mais caro por produtos importados, que são cotados em dólar. Assim, o pão, que milhões de brasileiros consomem diariamente, fica mais caro, pois o trigo é importado. Isso quer dizer que o produto nem precisa, de fato, vir do exterior, basta se relacionar com itens importados para ficar mais caro.
Outro problema para os consumidores que também é causado pela alta do dólar é a redução da oferta interna. Como os produtores pretendem lucrar mais, tendem a enviar seus produtos para o exterior, já que a cotação é em dólar. Dessa forma, a demanda interna supera a demanda, elevando os preços de diversos itens.
Por fim, o petróleo também vem acumulando ganhos nos últimos pregões. Isso acaba impulsionando o preço dos combustíveis no país, até porque a cotação do petróleo também é em dólar. Ou seja, você nem precisa viajar para os Estados Unidos, por exemplo, para saber o quão caro o dólar está.
Leia Mais: Conheça as ações do Ibovespa que mais subiram em setembro