Os investidores mostram a cada semana que o Brasil continua inspirando mais cautela que nunca. A Bolsa Brasileira já afundou 21,28% desde o seu recorde histórico em 7 de junho, quando atingiu 130.776 pontos. E nestes últimos meses o que mais pesou para o cenário foram as incertezas nacionais.
Em resumo, o Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa Brasileira, caiu 1,39% na última quarta-feira (17) e afundou para 102.948 pontos. A saber, esse é o menor patamar desde 12 de novembro de 2020 (102.507 pontos). Isso quer dizer que o mercado nacional está enfrentando o “bear market”, expressão que faz referência à violência de sofrer uma patada de urso.
Vale destacar que no pregão de ontem, o cenário internacional ajudou bastante. Em suma, o petróleo despencou no dia e puxou consigo diversas ações que compõem a carteira teórica da Bolsa Brasileira. Por exemplo, os papéis da Petrobras, que respondem por 10,4% do Ibovespa, recuaram no dia e ajudaram a deixar o índice ainda mais vermelho.
Risco fiscal cresce e Bolsa Brasileira despenca
Embora o humor do exterior impulsione ou derrube o Ibovespa, o que mais pesou nos últimos meses para a forte queda do indicador foram os fatores nacionais. Aliás, o aumento da falta de previsibilidade fiscal não deixa de preocupar o mercado. E o resultado é a fuga cada vez maior dos investidores, que não se sentem seguros em colocar seus recursos na Bolsa Brasileira.
Em primeiro lugar, a inflação segue nas alturas no país. Por isso, o Banco Central (BC) continua elevando os juros básicos para tentar conter a taxa inflacionária. O problema é que essa medida não consegue, por si só, impedir esses avanços. A saber, o aumento de gastos públicos também impulsiona a inflação, e isso vem acontecendo constantemente nos últimos tempos.
Isso porque o governo federal lançou o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, que entrou em vigor no país nesta semana. No entanto, para financiar os pagamentos, o governo vem apostando suas fichas na PEC dos Precatórios, que já foi aprovada na Câmara dos Deputados e agora está em apreciação no Senado Federal.
Em síntese, a proposta adia o pagamento dos precatórios (dívidas da União já reconhecidas pela Justiça) e altera o teto de gastos (regra que limita as despesas do governo à inflação de 12 meses). Tudo para que o governo possa angariar votos para a reeleição do presidente Jair Bolsonaro.
Investidores fogem do Brasil
Além disso, os dados econômicos estão cada vez mais fracos. A indústria brasileira caiu nos três trimestres de 2021, entre janeiro e setembro. Já o comércio varejista recuou em setembro e reduziu os ganhos acumulados em 2021. Da mesma forma, o setor de serviços também caiu em setembro. Tudo isso indica que a economia brasileira vem perdendo força a cada mês.
Não é surpreendente que a Bolsa Brasileira não tenha atraído investidores nos últimos tempos. O país sofre com inflação elevada e, consequentemente, juros cada vez mais altos. Esse cenário já torna a renda fixa mais atrativa que a variável. E como a economia se encaminha para a estagnação, os investidores continuam deixando o Brasil de lado e buscando países um pouco menos inseguros.
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