Desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, os preços de diversas commodities dispararam no planeta. Uma das principais é o petróleo, cuja variação afeta não só os motoristas, mas toda a população. Aliás, o barril de petróleo mais caro não eleva apenas os preços dos seus derivados, mas também do etanol.
No mês passado, a cotação do barril de petróleo se aproximou dos US$ 140. Para se ter uma ideia, a commodity havia fechado o pregão de 23 de fevereiro, último dia antes da invasão russa, cotada a US$ 94. E esta disparada fez a Petrobras elevar em 24,9% o preço do diesel e em 18,8% o da gasolina.
Por sua vez, o etanol acabou disparando 6,28% nas bombas do país uma semana após o reajustes. A questão é que o combustível não é derivado do petróleo. Então, o que faz o etanol ficar mais caro quando o valor da gasolina sobe?
Veja as principais razões para a alta do etanol
Em resumo, isso acontece por diversas razões. A primeira delas é que o etanol é o concorrente direto da gasolina nas bombas de combustíveis e acaba acompanhando a variação dos preços do petróleo, mesmo sem ser um derivado da commodity.
No Brasil, boa parte da frota de carros é flex, ou seja, os motoristas podem escolher um ou outro combustível. Quando a gasolina fica mais cara, as vendas de etanol acabam subindo. Isso faz os produtores elevarem os preços do produto e, consequentemente, os postos repassam esses aumentos para os consumidores finais.
De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o etanol acumulou em março uma alta de 24,59% nos últimos 12 meses. Já a gasolina ficou 27,48% mais cara no período, enquanto o diesel disparou 46,47%. Todos estes valores superaram em muito a inflação anual do país no período, que ficou em 11,30%.
Em outras palavras, o consumidor é o principal formador de preços do etanol. Por exemplo, caso a gasolina fique mais barata nas bombas, os motoristas reduzem o consumo de etanol. Dessa forma, ou os produtores também reduzem os preços ou não conseguem vender.
Por fim, o preço do açúcar também afeta o valor do etanol. Em suma, quando há valorização do item no exterior, os produtores preferem exportar o item porque o rendimento é mais elevado. A saber, 88% do etanol brasileiro é originário da cana-de-açúcar, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Leia Também: ‘Quinta-feira santa’ não é feriado, mas empresas podem liberar trabalhador