As intrigas e o mal estar entre Lira e Pacheco estão cada vez mais evidentes na mídia, e tudo pode ser explicado pela tramitação de projetos no Congresso. O presidente da Câmara (PP – AL) e do Senado (DEM – MG), respectivamente, a princípio não tinham um consenso sobre seu desentendimento: Pacheco chegou a dizer na semana passada, dia 24, que não havia qualquer conflito entre eles. A declaração ocorreu após Lira cobrar Pacheco sobre seus posicionamentos em relação a questões econômicas.
Na ocasião, o senador disse que quer colaborar com essas pautas, mas “sem subserviência”, e disse em entrevista que não havia “nenhum [mal-estar com Arthur Lira]. É natural que Senado e Câmara tenham divergências de pontos de vistas em apreciação de matérias. É normal, respeito muito isso, o presidente Arthur Lira também. Nosso diálogo é franco e próspero”.
Pacheco disse que não quer provocar um “adoçamento” e aproveitou a oportunidade para falar sobre seu desejo de “uma reforma tributária que seja verdadeira, simplifique e ajuste o sistema tributário, que desburocratize e permita os investimentos. Em matéria de reforma tributária, o senado tem compromisso com isso, obviamente não subserviente ao governo federal e ao Ministério da Economia, mas ao seu juízo político”.
O problema é que, mesmo uma semana depois desse incidente, parece que Arthur Lira e Rodrigo Pacheco ainda não estão se dando muito bem.
O mal estar entre Lira e Pacheco
Ao que parece, dificuldades na tramitação de projetos pelo Congresso tem tornado a relação entre Lira e Pacheco ainda mais instável, e vêm acontecendo desde o início do ano. Um dos aspectos da confusão é a reforma política, que prevê o retorno das coligações proporcionais e favorece as siglas de aluguel.
Outra discussão que causa mal-estar é o projeto que altera os critérios de cobrança do Imposto de Renda. “A Câmara está cumprindo o seu papel em relação a pautas econômicas. O Senado precisa se posicionar também, precisa manter um clima de estabilidade”, disse Lira na última semana.
Em resposta, Pacheco disse: “nós também temos uma porção de projetos aprovados no Senado que, ao longo de anos, estão na Câmara aguardando uma definição. Nem por isso eu digo que a Câmara está deixando de cumprir o seu papel. O que temos no Senado é a preocupação de aprofundar as matérias, de não ter açodamento, de termos a reflexão necessária por meio das comissões e do plenário. Cada um tem o seu perfil. Eu tenho um aspecto mais moderado. Não significa que eu seja lento”.
Além disso, o presidente Bolsonaro também parece estar colaborando para o desentendimento entre os parlamentares. No último sábado (28), ele afirmou que o Brasil tem apenas dois poderes, “Executivo e Legislativo”, que “trabalham em harmonia”. A crescente intriga de Lira e Pacheco mostra que não é bem assim.
De qualquer forma, os auxiliares de Bolsonaro têm tentado convencer Pacheco a aceitar os itens mantidos pela Câmara.
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