A população do Brasil sofre com os preços elevados de diversos produtos. No mês passado, o grande destaque do país foi a cenoura, cujos preços dispararam mais de 166% em 12 meses. No entanto, o tomate também não ficou para trás e acumulou uma forte alta de 94,5% no período.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço do tomate disparou 27,22% em março e respondeu por 15,6% da variação do grupo alimentos e bebidas no mês. Por falar nisso, este grupo saltou de 1,28% para 2,42% e impactou a inflação do país em 0,51 ponto percentual (p.p.) no mês passado.
Juntamente com o grupo transportes, que influenciou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 0,65 p.p., estes grupos foram responsáveis por 71,6% da inflação do país em março. Aliás, esta foi a maior taxa para meses de março desde 1994, ou seja, em 28 anos.
No caso dos transportes, a alta ocorreu, principalmente, devido ao aumento nos preços dos combustíveis (6,70%). No mês, o grande destaque foi a gasolina, que disparou 6,95% em relação a fevereiro.
Já em relação ao grupo alimentos e bebidas, o tomate se destacou em março. E a expectativa é que os preços continuem elevados em abril.
Entenda o que vem encarecendo o tomate
No início deste ano, as áreas de plantações de tomate sofreram com chuvas e calor intensos. Em resumo, produtores do Sudeste e do Nordeste sofreram com esta combinação, que elevou as ocorrências de doenças nas lavouras.
Contudo, há um fator que vem afetando as plantações de tomate desde 2020. A saber, os produtores sofreram com a expressiva redução das vendas do alimento no início da pandemia da Covid-19. À época, boa parte do comércio do país teve que fechar, o que fez os produtores reduzirem a área de plantio do produto.
No ano passado, esse movimento continuou, porque a colheita do tomate foi bem abundante, derrubando os preços ao produtor. Em suma, quanto maior a demanda, menor tende a ser o preço do item. E foi justamente o que aconteceu, com o tomate rendendo bem menos ao produto, que continuou reduzindo a área de plantio para recuperarem o faturamento.
Todos estes fatores contribuíram para a elevação do preço do tomate neste ano. No entanto, há outro fator em 2022 que está impulsionando ainda mais os preços: o fim da safra de verão e início da de inverno, que ocorre em abril no Sul e Sudeste. Em geral, as colheitas são bem fracas neste período.
Por isso, a expectativa é que o tomate siga mais caro no país em abril. A população só sentirá os preços caindo entre julho e setembro, com o avanço da safra de inverno. Até lá, os brasileiros terão que pagar mais caro para ter tomate em casa ou precisarão substituir o alimento por outro mais barato.
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