Desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, em 24 de fevereiro, a economia global vem desacelerando. A saber, os conflitos já completaram dois meses e parecem não estar perto de chegar ao fim. E as consequências, apesar de mais graves para os países envolvidos, afetam todo o mundo.
Em resumo, as commodities são produtos primários da economia, iguais em todo o mundo e que dão origem a vários outros derivados. Por exemplo, o trigo é uma commodity utilizada em pães, bolos e biscoitos, enquanto o petróleo dá origem à gasolina e ao diesel.
Além disso, vale ressaltar que as cadeias globais de abastecimento estão sofrendo nos últimos tempos devido à pandemia da Covid-19. Aliás, os preços das commodities chegaram a saltar mais de 50% em 2021. E esta situação vem ficando cada vez pior com a guerra na Ucrânia.
Em primeiro lugar, isso acontece porque tanto a Ucrânia quanto a Rússia são grandes produtores e exportadores globais de commodities. Como os conflitos afetam diretamente os países, a oferta destes importantes itens fica reduzida, ajudando a elevar os preços globais.
Ao mesmo tempo, a guerra está reduzindo o ritmo do comércio global, ou seja, a demanda supera a oferta, e isso pressiona a inflação global. Por falar nisso, inflação se refere ao aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços, e diversos países estão sofrendo com as maiores taxas dos últimos anos.
Pandemia elevou inflação e guerra pressiona ainda mais os preços
Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou um relatório com projeções sobre o crescimento econômico global em 2022 e 2023. Para ambos os anos, a entidade estima que o PIB global cresça 3,6%, o que representa uma queda de 0,8 e 0,2 ponto percentual, respectivamente, em relação às projeções feitas no início deste ano.
No relatório, o FMI citou a escassez de oferta nos setores de energia, agrícola e de minérios, que afeta o planeta nos últimos anos devido à pandemia. A guerra na Ucrânia ampliou o efeito deste cenário, pressionando ainda mais os preços de diversas commodities e os desequilíbrios de oferta.
“Como a Rússia é um grande fornecedor de petróleo, gás e metais, e a Ucrânia, de trigo e milho, o declínio atual e previsto na oferta dessas commodities já elevou seus preços drasticamente. Europa, Cáucaso e Ásia Central, Oriente Médio e Norte da África e África Subsaariana são os mais afetados”, disse o FMI.
“Com cadeias de suprimentos globais estreitamente integradas, interrupções de produção em um país podem se espalhar de forma rápida, globalmente”, acrescentou a entidade no relatório.
A expectativa é que a inflação global fique ainda mais elevada no decorrer deste ano. Aliás, a duração da guerra também indicará se os altos preços continuarão por mais ou menos tempo.
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