A população brasileira está cada vez mais endividada. Pelo menos é o que aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada nesta semana.
De acordo com os dados, 77,5% das famílias do país estavam endividadas em março. Esse nível supera o de fevereiro (76,6%) e bate recorde da série histórica da CNC, que teve início em 2010. Há um ano, a quantidade de famílias endividadas no país chegava a 67,3%, o que representa uma disparada de 10,3 p.p. no período.
No ano passado, o endividamento das famílias brasileiras cresceu 21% em relação a 2020. Esse avanço ocorreu devido à expansão de linhas de crédito mais caras e sem garantias.
Além disso, a CNC revelou que o percentual de famílias inadimplentes subiu de 27,0% em fevereiro para 27,8% em março. A taxa também é a mais elevada há 12 anos. Em resumo, a pessoa inadimplente é aquela que possui dívidas ou contas em atraso.
Inflação e juros elevados fortalecem a inadimplência
Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a escalada de juros no país fortalece a inadimplência. A saber, 10,8% das famílias brasileiras declararam que não possuíam condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso em março. Isso vem acontecendo, principalmente, devido à inflação elevada e aos juros cada vez mais altos.
“Essa inflação alta, persistente e disseminada mantém elevadas as necessidades de crédito para recomposição da renda, fazendo com que as famílias encontrem nos recursos de terceiros uma saída para manutenção do nível de consumo”, disse Tadros.
Embora a solução encontrada por muitas famílias ajude a pagar contas, o efeito colateral é bastante negativo. Como a inflação está bem mais elevada que o esperado, o Banco Central está apertando a política monetária.
Em outras palavras, os juros não para de subir e isso encarece o crédito, ou seja, as famílias que recorrer a este segmento acabam impulsionando as próprias dívidas. Por isso que as taxas de endividamento e inadimplência continuam subindo.
A CNC também revelou que a dívida com cartão de crédito atingiu 87,0% das famílias do país em março. Em seguida, ficaram os carnês de loja (18,7%), financiamento de carro (11,2%), crédito pessoal (9,4%), financiamento de casa (8,6%), crédito consignado (6,1%) e cheque especial (5,9%).
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