Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostrou que o endividamento das famílias bateu recorde no ano passado. Segundo o levantamento, 77,9% das famílias declarou ter dívidas, sete pontos percentuais a mais que o mesmo dado no final de 2021, quando o resultado ficou em 70,9%.
O cenário confirma outras estatísticas do Governo Federal e de institutos especializados. Além deste indicador, que preocupa, o salário médio do trabalhador ainda segue em patamares baixos, contrastando com a inflação dos alimentos, que afeta de forma mais forte os mais pobres.
Os principais vilões do orçamento doméstico
O orçamento doméstico é fundamental para que uma família consiga viver com tranquilidade financeira. Contudo, quando o orçamento fica mais apertado, seja pelo salário menor, seja pelos preços maiores na economia, é uma tendência clara que o endividamento das famílias suba. Com o novo recorde, também se sabe quais são os principais vilões.
Em primeiro lugar, o fator que mais pesa do endividamento das famílias ainda é o cartão de crédito. E ele representou um percentual assustador. No levantamento, 86,6% das famílias disseram que possuem essa dívida. Em segundo lugar, e bem longe do primeiro, ficou o carnê, com 19%, seguido pelo financiamento de carros, com 10,4%. Esses dados são das dívidas em aberto no momento da entrevista, mas que não necessariamente estavam atrasadas.
Para isso, o CNC mede a inadimplência, dentro do endividamento das famílias. Neste indicador, 28,9% das famílias alegam que atrasaram alguma conta no ano passado. Assim, 3 em cada 10 famílias precisaram atrasar alguma conta por conta do orçamento doméstico apertado.
Segundo o órgão, os altos juros da economia, junto com uma inflação ainda elevada, são os principais fatores para os resultados. Os dados mostram que 2 em cada 10 famílias que recebem 10 salários mínimos ou mais afirmam estar “muito endividadas”. Além disso, elas dizem comprometer 30% da renda mensal para pagar dívidas.
Como diminuir o endividamento das famílias?
Segundo especialistas, existem diversas formas de diminuir o endividamento das famílias, a nível nacional. Para isso, seria preciso um trabalho gradual para aumentar o poder de compra das pessoas, além de diminuir o custo do crédito no Brasil. No atual cenário, de acordo com os dados, a situação é praticamente insustentável.
Isso porque o intituto que fez a pesquisa afirma que o superendividamento está concentrado nas famílias mais pobres do país. Dessa forma, o orçamento familiar apertado das famílias de menor renda segue sendo o fator mais prejudicial na economia brasileira.
Segundo Guilherme Mercês, diretor de Economia da CNC, seria preciso que o governo diminua os juros da economia, para diminuir o custo do crédito e desafogar o orçamento familiar. Além disso, o diretor afirmou que o novo plano de refinanciamento, planejado por Fernando Haddad, ministro da Fazenda, vai ajudar, mas não acabará com o endividamento das famílias, de fato. O programa, batizado de Desenrola Brasil, quer renegociar pequenas dívidas dos brasileiros.