As grandes empresas de tecnologia estão enfrentando a maior expansão na regulamentação de sua regulamentação dos últimos tempos. E, enquanto o júri está decidindo se todo esse som e fúria significaram alguma coisa, pela primeira vez há sinais de que a reação das empresas pode ter um impacto substantivo.
Nesse sentido, existem algumas leis sendo avaliadas na Europa, Ásia e EUA que podem colocar limites rígidos sobre como as grandes empresas de tecnologia podem tratar concorrentes menores e restringir o uso de inteligência artificial, como o reconhecimento facial.
Além disso, algumas propostas podem acabar com práticas comuns, como empresas que dão a seus próprios produtos um impulso em seus próprios rankings, o que pode ocasionar um impacto operacional, segundo executivos e analistas.
Ao mesmo tempo, reguladores globais estão avançando em dezenas de investigações relacionadas à concorrência e privacidade, que podem levar mais do que apenas multas por excesso de velocidade para gigantes de tecnologia.
Segundo os reguladores, existem ordens ou acordos que podem cortar os fluxos de dados transatlânticos, atrapalhar alguns tipos de publicidade digital, atrasar grandes mudanças de produtos ou forçar a supervisão contínua das atividades.
Impactos sobre o Vale do Silício
A regulamentação vem tendo pouco impacto sobre os resultados ou valuation das empresas do Vale do Silício. O valor de mercado das cinco maiores empresas de tecnologia do mundo equivale a US$9,31 trilhões, quase quatro vezes mais que cinco anos atrás, possuindo o dobro de crescimento do índice S&P 500 na época.
Contudo, isso pode estar mudando. A nova regulamentação vem dificultando para as empresas lucrarem com o potencial de crescimento das aquisições. Em novembro, a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido instruiu o Facebook, da Meta Platforms Inc. a vender a empresa de imagens animadas Giphy.
O motivo é que, segundo a autoridade, a aquisição limitaria a concorrência entre plataformas e anunciantes do Reino Unido. O Facebook prontamente apelou, dizendo que o acordo beneficia os consumidores. Além disso, as empresas de tecnologia também estão realizando outras mudanças. O Facebook anunciou, em novembro, que encerraria parte do seu sistema de reconhecimento facial devido a possíveis regulamentações.
Já o Google, da Alphabet Inc, concordou em trabalhar em estreita colaboração com a Autoridade de Concorrência e Mercados em um plano para remover cookies, que rastreiam suas atividades online de seu navegador Chrome. Também estão trabalhando para rever a forma que o YouTube lida com informações de usuários e parceiros.
Qual é o efeito nas empresas?
Alguns defensores de mais regulamentação sobre as empresas de tecnologia temem que elas possam sair ilesas da nova onda de regulamentação. Segundo Gabriel Weinberg, fundador e executivo-chefe da DuckDuckGo, disse que três decisões antitruste da União Europeia contra o Google e mais de US$9 bilhões em multas pouco fizeram para diminuir a posição de mercado do líder de buscas.
Dessa forma, Weinberg agora está preocupado com o fato de os formuladores de políticas estarem colocando mais ênfase na aprovação de leis do que garantir que reguladores tenham conhecimento e ferramentas para fazer com que as empresas cumpram adequadamente com novos requisitos.