Nos últimos meses tem acontecido uma demissão em massa por parte das empresas de tecnologias. Muitas dessas empresas passaram por um crescimento acelerado nos últimos anos, recebendo aportes generosos de investidores com o intuito de expandir os negócios. Inclusive, algumas dessas empresas se tornaram unicórnios nesse período, ou seja, atingiram uma avaliação de US$1 bilhão.
Estima-se que cerca de 1,9 mil pessoas foram demitidas das empresas de tecnologia esse ano, entre elas, QuintoAndar, Loft, Facily e, mais recentemente, EBANX. Mas o que tem gerado essa alta demissão nas empresas de tecnologia? É isso que buscaremos explicar.
Após atingirem o topo, empresas de tecnologia estão sofrendo com a queda
A pandemia da covid-19, por um lado, trouxe graves danos à economia, empresas sofreram com as medidas restritivas, que impactaram fortemente suas receitas. Contudo, em relação às empresas de tecnologia, isso não necessariamente foi uma verdade. A pandemia trouxe uma necessidade de aceleração da transformação tecnológica de outras diversas empresas.
Dessa forma, investidores passaram a alocar seus recursos em empresas de tecnologia, apostando que, neste período restritivo, elas seriam mais requisitadas, tendo sua receita aumentada. Isso fez com que as ações de empresas de tecnologia atingissem níveis recordes, não só no Brasil, mas em todo o mundo.
Contudo, passado esse período, o contexto macroeconômico mudou. Se, no primeiro momento, havia alto estímulo sobre a economia, agora estamos vivendo um momento de alto aumento na taxa de juros, tanto no Brasil, quanto nos EUA e no restante do mundo. Isso significa que o financiamento dessas empresas de tecnologia ficaram bastante comprometidos.
Além disso, a atual guerra entre Ucrânia e Rússia abalou a estrutura econômica de diversos países, interrompendo a retomada de economias já fragilizadas por conta da covid-19. Com isso, investidores têm preferido alocar seu capital em uma fonte de renda mais estável.
Mudança na estratégia
Se antes a estratégia dessas startups era de forte expansão utilizando financiamento de investidores, agora, o momento é reavaliar a estratégia buscando maior eficiência, que tem envolvido o corte de custos em áreas consideradas não prioritárias para o momento.
Como o mercado disponibilizava dinheiro a um custo menor, era comum realizar forte expansão ainda que isso não significasse lucro. Investidores premiavam empresas de tecnologia que conseguiam crescer diversas vezes ao ano, sendo o ajuste da margem de lucro um trabalho posterior.
Dessa forma, o reflexo dessa estratégia de corte de custos é na demissão de colaboradores e, ao que tudo indica, ainda devemos ver mais demissões por parte dessas empresas no curto prazo, visto que haverá ainda mais aumentos nas taxas de juros. Outras estratégias, como a de aquisição de empresas, também deverão ser revistas neste período onde o cenário econômico é de incertezas.
Com isso, o que vimos nessas startups foi um “exagero” na contratação de pessoal e, quando vemos essa demissão em massa, significa que estas empresas precisam preservar caixa por um período maior. O maior custo destas empresas é o de pessoal e não há espaço para ter uma gordura na folha de pagamento de dezenas, centenas de pessoas.