À medida que a pandemia continua a aumentar, a indústria de cruzeiros suspendeu voluntariamente as operações no Brasil, pois busca se alinhar com as autoridades nos protocolos COVID-19. A suspensão vai até 21 de janeiro. A Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (CLIA Brasil) anunciou que interrompeu imediatamente as novas saídas dos portos brasileiros, permitindo apenas que as viagens em andamento completem seus itinerários planejados.
Entenda o caso
O anúncio da CLIA Brasil veio após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se comunicar contra as viagens realizadas em cruzeiros, em função do aumento dos casos de COVID-19. “Estamos extremamente preocupados que os robustos protocolos de saúde e segurança da indústria de cruzeiros, desenvolvidos em parceria com as autoridades competentes e que têm se mostrado eficaz, estejam sendo questionados em um momento que deveriam ser vistos como um modelo para outros”, disse a CLIA Brasil.
Na segunda-feira (03/01), a Anvisa havia informado que houve 829 casos de COVID-19 entre tripulantes e passageiros que embarcaram nos cinco navios que operaram no Brasil entre 1º de novembro e 3 de janeiro. Nesse período, 798 desses 829 casos surgiram entre 26 de dezembro e 3 de janeiro, um aumento de 25 vezes, segundo a Anvisa. De acordo com Bari Golin-Blaugrund, vice-presidente de comunicações estratégicas e relações públicas da CLIA, a MSC Cruzeiros e a Costa Cruzeiros, são as únicas empresas de cruzeiros membros da CLIA operando atualmente no Brasil.
O MSC Seaside que chega na quinta-feira a Santos registrou 65 casos entre tripulantes e 25 entre passageiros, enquanto o MSC Preziosa que chega ao Rio nesta quarta-feira tem 25 tripulantes com COVID-19 e 8 passageiros infectados, informou a Anvisa.
O que diz a CLIA?
“Nas últimas semanas, às duas empresas de cruzeiros afetadas e seus hóspedes passaram por uma série de situações que impactaram diretamente as operações dos navios, tornando a continuidade dos cruzeiros impraticável neste momento”, disse a CLIA Brasil. Segundo a CLIA, a incerteza operacional causou “transtornos significativos para os hóspedes que desejavam passar as férias no mar sob estritos protocolos de segurança”. A empresa lamenta a decisão de suspensão, visto que os protocolos de segurança e saúde a bordo continuaram a mostrar que funcionam.
“As interrupções operacionais não levaram em consideração a eficácia dos protocolos da indústria e, como resultado, causaram inconvenientes significativos aos hóspedes que estavam ansiosos por suas férias no mar sob o protocolo de saúde e segurança.”, acrescentou. Os protocolos atualmente em vigor no Brasil incluem a vacinação de COVID-19 obrigatória para convidados e tripulantes, além de testes de pré-embarque e capacidade reduzida de convidados.
Além disso, as empresas de cruzeiros também testam dez por cento da população a bordo com frequência, enquanto as máscaras são obrigatórias para toda a tripulação e demais convidados.
Busca por resoluções
No período de descanso até meados de janeiro, o CLIA pretende trabalhar com autoridades governamentais, estados, municípios e a Anvisa para buscar a coerência com o “Interpretação e Aplicação do Acordo Operacional de Saúde e Segurança” aprovado em novembro do ano passado.
Em suma, a CLIA Brasil já iniciou discussões com as autoridades locais e os Ministérios da Saúde, Turismo, Casa Civil, Infraestrutura e Anvisa para discutir “questões em aberto” quanto à aplicação do regulamento de cruzeiros em vigor.