A inadimplência atingiu nível recorde no mês de fevereiro para as empresas. De acordo com o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, aproximadamente 6,5 milhões de empresas entraram na lista de negativados. Aproximadamente um terço das empresas negativadas se encontram no Estado de São Paulo, ou seja, mais de 2 milhões. Nesse sentido, o setor de serviços foi o que mais teve empresas negativadas nesse período, 53,8%.
Ao todo, o montante devido pelas empresas foi de R$112,9 bilhões e, segundo os dados da Serasa Experian, as empresas negativadas possuem em média 7 dívidas vencidas. “Mesmo que existam oscilações positivas e alguns empreendedores consigam quitar suas dívidas, como aconteceu em janeiro, a melhoria contínua da inadimplência dos empreendimentos depende muito do cenário de negativação entre os consumidores”, afirmou o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian.
Depois de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul são os estados que mais possuem empresas negativadas. No final da lista, o estado que possui o menor número de empresas negativadas é o de Roraima. Analisando os segmentos mais endividados, o destaque ficou para a categoria “Outros”, Empresas Financeiras e do Terceiro Setor, além de “Bancos e Cartões” e “Serviços”, que concentraram boa parte dos valores negativados no período.
Crédito mais caro faz com que famílias e empresas pague juro mais alto
A manutenção da alta taxa de juros por parte do Banco Central vem apertando cada vez mais famílias e empresas brasileiras. Segundo o Banco Central, a taxa média de juros do chamado crédito livre, que são linhas sem subsídio, subiu para 44,23% ao ano no mês de fevereiro, atingindo o maior patamar desde agosto de 2017, quando atingiu 45,59%.
Em relação ao cheque especial, também houve um forte aumento de janeiro para fevereiro, saltando de 131,7% para 137,4%. Também houve um aumento semelhante para o rotativo do cartão de crédito, que subiu de 411,4% para 417,4%. Em especial, estes dois últimos modelos são considerados linhas emergenciais, usadas quando há descontrole de gastos ou em situação em que não hã possibilidade de tomar empréstimos mais baratas.
“Isso é resultado do momento econômico que estamos vivendo. Temos a Selic (taxa básica de juros) no patamar elevado de 13,75%, e o Banco Central sinalizando que vai manter por algum tempo essa taxa elevada, mesmo com a pressão do governo (para a queda dos juros)” disse Miguel Ribeiro de Oliveira, atual diretor-executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
O principal efeito negativo dos juros elevados é o endividamento de famílias e empresas com bancos e instituições financeiras. Até janeiro deste ano, o nível de endividamento atingiu 48,8%, o que representou alta de 1% nos últimos doze meses, segundo dados divulgados pelo Banco Central.
“Vivemos o maior nível de juro desde 2015/2016, quando a Selic atingiu 14,25% ao ano. Existem famílias e empresas que não têm outra opção para sobreviver, elas precisam recorrer aos empréstimos bancários ou tomar crédito no mercado e capitais, no caso das empresas. Neste momento, está saindo bastante caro com o nível em que a Selic está”, disse Walter Fogolin, economista e gerente de Produtos da Investmart da XP.