O chefe-executivo da criadora do ChatGPT, Sam Altman, anunciou a criação da Worldcoin, uma criptomoeda gerada a partir da identificação de íris e face de pessoas. De acordo com informações do jornal “Folha de S. Paulo” reveladas neste sábado (05), até o momento, o projeto já reconheceu mais de 2,1 milhões de íris.
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Conforme a publicação, pessoas que estão em São Paulo podem, até esta segunda-feira (07), entregar seus dados biométricos e criar uma “world ID”, recebendo, em troca, 26 Worldcoins, o que dá, na cotação atual, cerca de US$ 60 (R$ 297,75). Hoje, a capital paulista é a única cidade brasileira onde existem pontos de coleta, estando todos eles próximos da avenida Brigadeiro Faria Lima.
De acordo com a “Folha”, o procedimento de coleta, que dura cerca de dois minutos, consiste em baixar o World App, validá-lo com um celular, aceitar os termos de uso e realizar a coleta biométrica, liberando a empresa para que ela possa armazenar seus dados. Segundo os termos, depois do cadastro, há existe a opção de pedir para a empresa não armazenar os dados da íris.
Na publicação, o jornal destaca que a empresa não informa que os dados biométricos são sensíveis e muito menos os riscos envolvidos em compartilhá-los. Não suficiente, a companhia ainda incentiva o compartilhamento do dado, dizendo que o armazenamento poderia evitar retornos para atualizações cadastrais.
No formulário de consentimento de Dados Biométricos Sensíveis da Worldcoin Foundation, que está disponível em português de Portugal, consta que a empresa pode enviar os dados para os Estados Unidos e Europa para que seja possível treinar algoritmos.
Em entrevista ao jornal citado, o diretor-fundador do Data Privacy Brasil e professor da ESPM, Bruno Bioni, apesar de ressaltar que não existe filas para conseguir o dinheiro extra, como no Japão, na Índia e no Quênia, é preciso destacar que é necessário ter cautela com o programa, visto que informações biométricas são sensíveis e a Worldcoin não apresentou uma avaliação de impacto à proteção de dados pessoais, para mostrar como pode reduzir riscos.
Antes do lançamento oficial em 14 países, a companhia testou a plataforma em duas milhões de pessoas em 24 países. O padrão da íris tem chance de se repetir uma vez a cada um bilhão de pessoas —no caso da digital, é de um em 40 milhões, ou seja, é considerado um fator de identificação muito preciso. Nesse sentido, Bruno Bioni destaca que “é impossível trocar de íris, se houver um incidente de segurança. Não é como login e senha. Esse autenticador potencializa os riscos de roubo de identidade“.
Por conta da repercussão negativa, o governo do Quênia suspendeu, nesta semana, o serviço da Worldcoin no país com foco na investigação de perigos potenciais contra a segurança pública. O aplicativo também encontra restrições nos Estados Unidos devido à regulação de criptomoedas, sancionada após o escândalo bilionário da corretora FTX.
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