Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), o Brasil criou no mês de fevereiro 241.785 vagas de emprego formais. A pesquisa é liderada pelo Ministério do Trabalho e Emprego e os dados atuais apontam que o resultado é menor que o atingido em fevereiro de 2022, quando foram criadas 353.294 vagas formais de trabalhos no país, uma queda de 31,6% em comparação com o mesmo mês do ano passado.
Nesse sentido, o CAGED mostrou que foram 1.949.844 admissões no mês de fevereiro contra 1.708.059 demissões. Ao comparar os dados com o mês de janeiro, o estoque de empregos formais subiu de 42,53 milhões em janeiro para 42,77 milhões em fevereiro, sendo o melhor resultado desde novembro do ano passado, quando 42,89 milhões de trabalhadores estavam exercendo emprego de carteira assinada.
Voltando na comparação com o mês fevereiro de 2022, o salário de admissão subiu, na época, a média dos valores dos contratados para empregos de carteira assinada era de R$1960,49, já para fevereiro deste ano, os novos contratados receberam em média R$1978,12, um aumento de R$17,63. Estes valores já são descontados da inflação do período.
Quatro dos cinco setores da economia registra saldo positivo na criação de emprego
Ao realizar a análise da criação de empregos por setor da economia, foi verificado que quatro dos cinco setores da economia brasileiro tiveram resultado positivo no mês fevereiro. O melhor resultado foi apresentado pelo setor de serviço, sendo criados 164,2 mil postos de emprego no período. Já a construção civil registrou a criação de 22,2 postos de trabalho, seguido pela indústria, com alta de 40,3 mil trabalhadores.
Por fim, a agropecuária registrou a criação de 16,2 mil postos de trabalho e o comércio fechou com queda de 1,3 mil postos. Segundo o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, a manutenção da alta taxa de juros pelo Banco Central para controlar a inflação é um dos principais fatores que afetam negativamente a criação de emprego no Brasil.
“Esse é o grande problema hoje, a ‘insanidade monetária’ do Banco Central. A manutenção dos juros sacrifica a geração e retomada da economia (…). Se o Banco Central colaborar, a economia vai voar”, afirmou o ministro Luiz Marinho, em coletiva de imprensa concedida nesta quarta-feira (29). O ministro também se diz “otimista” em relação ao mercado de trabalho brasileiro.
Resultado registrado foi acima do esperado
De acordo com o economista-chefe da Valor Investimentos, Piter Carvalho, o resultado da criação de emprego no Brasil foi acima do esperado. “Os números vieram bons. Acima do esperado, com o setor de serviços puxando forte, com mais contratações e com efeito também no PIB. Os números da indústria também vieram positivos e ainda vamos observar se haverá reflexo no PIB. O salário médio vem caindo, o que mostra que não está fácil manter salários altos”, disse Piter.
Já Rodolpho Tobler, economista da FGV, apontou que o saldo positivo de fevereiro é efeito da sazonalidade. Algumas áreas como transporte, alojamento e alimentação foram beneficiadas pelo carnaval, principalmente após a liberação total desde o início da pandemia.
“Quando se faz ajuste sazonal da série, os dados continuam dando sinais de um mercado de trabalho perdendo força. No ano passado nós tínhamos um ritmo mais forte e a desaceleração é fruto de uma atividade econômica perdendo força, principalmente a partir do final do ano passado”, disse Tobler.