Um dos cartões postais parisienses mais famosos surpreendeu os cidadãos locais com algumas mudanças nos últimos dias. O Arco do Triunfo, situado na Avenida Champs Élysées, está sendo embrulhado com cerca de 25 mil metros quadrados de tecido fabricado de material reciclável.
A homenagem à obra póstuma do artista Christo pode ser vista por quem passar pelos arredores. A ação consiste em um desejo do artista plástico búlgaro junto da esposa, Jeanne-Claude, que se concretizará durante o período de 18 de setembro a 3 de outubro. O Arco do Triunfo é um monumento histórico cujas proporções atingem 50 metros de altura, que estarão cobertos por 25 mil metros de tecido azul platinado e amarelo junto a três mil metros de corda vermelha.
O propósito é assemelhar o monumento a um embrulho de presente. Antes de morrer, Christo, tornou popular o desejo de fazer esta espécie de manifestação a qual exemplificou como, “um objeto vivo que ganhará vida com o vento e refletirá a luz”.
O projeto começou a ser colocado em prática no final do mês de junho, sob os cuidados de Vladimir Yavachev, sobrinho de Christo. A ação conta com o apoio do Centro de Monumentos Nacionais e ganhou um investimento de 14 milhões de euros. A verba é proveniente da venda das obras de Christo. Entre elas, lembranças, desenhos preparatórios, maquetes e litografias.
Na oportunidade, Yavatchev desabafou que o maior desafio para ele é justamente Christo não estar mais vivo para julgar sua iniciativa. “Sinto falta de seu entusiasmo, suas críticas, sua energia e todas essas coisas. Isso, para mim, é realmente o maior desafio”, ponderou.
Christo Javacheff era popularmente conhecido pelas instalações gigantescas. Em determinado momento, ele chegou a embrulhar um trecho específico da costa da Austrália, bem como o prédio Reichstag, o parlamento alemão em Berlim. Ele também pendurou uma enorme cortina em um ponto estratégico do desfiladeiro no Colorado, nos Estados Unidos da América (EUA).
Jeanne-Claude trabalhava em parceria com Christo, dupla essa que, no ano de 1985, cobriu a Pont Neuf com um tecido amarelo em Paris. A obra da vez, o Arco do Triunfo, também é palco de homenagem ao Soldado Desconhecido, retratado no formato de uma chama de memória que se reacende a cada dia.
Vladimir Yavachev, ressaltou a importância de prestar atenção nos detalhes e desejo de Christo e Jeanne-Claude. “Foi totalmente desenhado por Christo até ao último detalhe e temos que nos guiar por eles. Se as pessoas vierem e disserem que é igual aos desenhos, significa que fizemos um bom trabalho”, concluiu.
Anos antes de sua morte, o artista chegou a criar uma montagem para especificar como tinha a intenção de executar a obra, com o objetivo de que ela parecesse que estava se passando na década de 1960. No entanto, ele nunca se arriscou a colocar o projeto em prática com medo de não conseguir as permissões necessárias para o ato.
Bruno Cordeau, administrador do Arco do Triunfo, acompanha de perto todas as etapas do projeto e retrata todo o cenário como algo “mágico” de se ver. Ele ainda fez uma comparação com o embrulho feito na Pont-Neuf, que para ele foi algo comum na época.
“O Arco do Triunfo não é um monumento como os outros. É o da harmonia nacional. É também um lugar de cultura. A obra de Christo tem a elegância e a humildade de ser efémera”, finalizou.