O presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou nesta quinta-feira (31) em um evento no Palácio do Planalto que marcou a despedida de ministros que vão deixar o governo para disputar as eleições em outubro. Na ocasião, o chefe do Executivo defendeu os presidentes da ditadura militar que governou o Brasil de 1964 a 1985.
Em seu discurso, o chefe do Executivo não mencionou sobre a censura, às torturas e às mortes registradas durante o regime. Ainda em sua fala, ele defendeu o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) acusado de ter participado de atos antidemocráticos e ataques às instituições.
As falas de Bolsonaro
O discurso do presidente começou com ele lembrando que nesta quinta é o aniversário do golpe militar de 1964. Para Bolsonaro, ao contrário do que registra a história, o período não foi caracterizado por um golpe militar.
“Hoje, 31 de março. O que aconteceu em 31? Nada. A história não registra nenhum presidente da República tendo perdido o seu mandato nesse dia. Por que então a mentira? A quem ela se presta?”, disse Bolsonaro.
Para Eduardo Bolsonaro, Brasil vive uma ditadura
Em seguida, escondendo o fato de que houve violência, perseguição a opositores e a cassação de direitos individuais, o presidente afirmou que, na época, todos tinham direito de ir e vir. Foi neste momento que ele foi ao encontro de Daniel Silveira, que estava no local ao lado dos ministros que estão deixando o cargo.
Daniel Silveira tem protagonizado episódios de desobediência a ordens vindas do STF. Alexandre de Moraes determinou que o deputado usasse uma tornozeleira eletrônica, mas o parlamentar vem se negando a fazer isso.
“Todos aqui tinham direito, deputado Daniel Silveira, de ir e vir, de sair do Brasil, de trabalhar, de constituir família, de estudar, como muitos aqui estudaram naquela época”, disse Bolsonaro, afirmando ainda que “quem esteve no governo naquela época [da Ditadura] fez a sua parte”. “O que seria do Brasil sem obras do governo militar? Não seria nada, seríamos uma republiqueta”, completou o chefe do Executivo.
Por fim, Bolsonaro ainda voltou a atacar ministros do STF, sem mencionar nominalmente o nome do tribunal ou de seus membros. Segundo o presidente, ele tem poucos inimigos no Brasil. Os que ele tem vivem em Brasília e são poderosos.
“Temos inimigos, sim. São poucos inimigos de todos nós aqui no Brasil, poucos, e habitam essa região dos três poderes. Esses poucos podem muito, mas não podem tudo”, declarou, completando que aqueles que não tenham “ideias” para o país devem calar a boca e vestir a toga “sem encher o saco”.
“Nós aqui temos tudo para sermos uma grande nação, para sermos exemplo para o mundo. O que falta? Que alguns poucos não nos atrapalhem. Se não tem ideias, cale a boca! Bota a tua toga e fica aí sem encher o saco dos outros! Como atrapalham o Brasil!”, finalizou.
Leia também: Ministro da defesa diz que não houve ditadura no Brasil