O engenheiro Marcelo Frazão de Almeida, candidato derrotado a prefeito de São Simão, uma cidade no interior de São Paulo, esteve presente em um depoimento da Polícia Federal (PF), pois é investigado no inquérito das milícias digitais.
De acordo com informações do jornal “Folha de S. Paulo”, a oitiva do depoente, que se diz um “analista político”, ficou marcada pela afirmação dele, que disse seguir “os maiores cientistas do mundo que afirmam que não existe Covid-19”.
Apesar de derrotado nas eleições, Marcelo, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), utilizou a vitória do chefe do Executivo e emplacou como youtuber, criando três canais na rede social, todos abordando o universo conservador de extrema-direita.
Durante seu depoimento, os agentes da PF perguntaram a ele como acontecia a produção para os vídeos do canal. Segundo o youtuber, ele “apenas liga a câmara e faz a transmissão como se estivesse em um botequim”.
Em outro momento, os investigadores o questionaram sobre a preparação do conteúdo divulgado nas redes. Mais uma vez, ele negou que haja alguma preparação especial. “Não há preparação nem edição de conteúdo”, disse ele, que ainda afirmou que ‘não existe método de checagem’ sobre as informações disseminadas e que ele ‘faz a própria interpretação dos fatos’”.
Hoje, o youtuber vive dos vídeos e também de doações de alunos e seguidores. Segundo Marcelo, ele não está trabalhando em sua profissão de ofício, a engenharia, porque as “empresas aparelhadas pela esquerda o impedem de trabalhar”.
Denúncia contra o youtuber
O depoimento de Marcelo acontece porque, em outubro do ano passado, o bolsonarista foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por conta de um áudio em que ele comentava informações falsas sobre a vacina contra a Covid-19.
Na ocasião, ele disse que o imunizante tem intenção de reduzir a população mundial, provocar câncer, alterações genéticas, problemas de fertilidade e “homossexualismo”. A Promotoria imputa-lhe discriminação com base na orientação e identidade de gênero, equiparada ao crime de racismo por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
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