A Suíça realiza um referendo polêmico neste domingo (7). Os eleitores devem decidir se aprovam ou não o projeto de lei que proíbe cobrir o rosto em público. A proposta recebeu críticas por ser racista e islamofóbica, mas há uma boa chance de se tornar lei, segundo a mídia local.
A proposta não se refere explicitamente às mulheres muçulmanas. No entanto, o partido conservador de direita que criou o projeto em 2016 não esconde que o objetivo principal é proibir as roupas que algumas delas usam para cobrir totalmente o rosto, como a burca ou o nicabe.
Durante a campanha a favor do referendo, a legenda – de maioria no parlamento – tentou associar o rosto coberto das mulheres muçulmanas ao extremismo religioso islâmico. Entre um dos argumentos, afirmou que mostrar o rosto é um dos símbolos mais importantes da liberdade das pessoas na Suíça.
De acordo com as últimas pesquisas disponíveis, cerca de 60% da população suíça seria a favor da proposta.
O governo suíço se posicionou oficialmente contra a proposta e pediu aos eleitores que votem contra. Uma das principais razões é que impor a lei nacionalmente limitaria a soberania de cada estado. Então, o governo fez uma contraproposta, que só pode ser discutida se a lei não for aprovada. A ideia é obrigar as pessoas a descobrirem o rosto apenas nos casos em que seja necessária a identificação pelas autoridades.
Muçulmanos na Suíça
Na Suíça, os muçulmanos são 5% dos cerca de 8 milhões e meio de habitantes e vêm principalmente da Turquia, Bósnia e Kosovo. A comunidade islâmica que vive na Suíça fala em discriminação porque a introdução da lei não permite que as mulheres professem sua religião livremente. Além disso, segundo ativistas muçulmanas e feministas, a lei também é sexista, pois visa controlar o corpo das mulheres e limitar sua autodeterminação.
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Atualmente, a proibição de cobrir o rosto em público está em vigor em dois dos 26 estados soberanos da Suíça, que organizaram consultas autônomas locais logo após a proposta de 2016. Entretanto, em três estados, os eleitores rejeitaram o projeto.
Na Europa, em vários países estão em vigor proibições semelhantes sobre o uso de nicabe e a burca: por exemplo, a França, a Dinamarca e a Holanda. Devido ao caráter obrigatório da máscara por causa da pandemia do coronavírus, no último ano muitos jornais falaram que cobrir o rosto poderia ser um dever e uma prática proibida ao mesmo tempo.