Os turcos vão às urnas neste domingo (28) para votar em um segundo turno presidencial que pode levar Recep Tayyip Erdoğan, atual presidente da Turquia, a estender seu governo para uma terceira década e persistir com o caminho cada vez mais autoritário, política externa vigorosa e governança econômica heterodoxa.
Vale destacar que a Turquia realiza eleições a cada cinco anos. O candidato que obtiver mais de 50% dos votos no primeiro turno é eleito presidente, mas se nenhum candidato obtiver a maioria dos votos, a eleição vai para um segundo turno entre os dois candidatos mais votados no primeiro turno.
Sobre a eleição
No primeiro turno, em 14 de maio, Recep Tayyip Erdogan recebeu o maior número de votos com 49,5%, contra 44,9% de Kemal Kılıçdaroğlu, candidato de uma aliança de seis partidos e líder do principal partido de oposição de centro-esquerda da Turquia.
Agora, a oposição está lutando para fechar a lacuna para o que será o primeiro segundo turno do país para presidente. A eleição ocorre no momento em que Turquia enfrenta uma crise econômica e luta para se recuperar de terremotos devastadores em fevereiro.
Em outras palavras, o cenário político da Turquia é um pouco semelhante à polarização enfrentada no Brasil, afetado por questões como inflação, discurso nacionalista, restrições à liberdade de expressão e perseguição a minorias. As urnas foram abertas às 8h deste domingo, para que mais de 64 milhões de pessoas pudessem votar. A Turquia não tem pesquisas de boca de urna, mas os resultados preliminares devem sair horas após o encerramento das urnas, às 17h.
Implicações do resultado das eleições na Turquia
A decisão final pode ter implicações muito além de Ancara, capital da Turquia, uma vez que o país encontra-se em uma encruzilhada na Europa e da Ásia, bem como desempenha um papel fundamental na OTAN.
Vale destacar que a Turquia vetou a proposta da Suécia de ingressar na aliança e comprou sistemas de defesa anti mísseis russos, o que levou os Estados Unidos a expulsar a Turquia de um projeto de caça a jato liderado por eles. No entanto, o governo de Erdogan também ajudou a intermediar um acordo crucial que permitiu o embarque de grãos ucranianos e evitou uma crise global de alimentos.
Em outras palavras, a eleição decidirá não só quem liderará a Turquia, um país membro da OTAN com 85 milhões de habitantes, mas também como será governado, a direção que sua economia tomará depois que sua moeda perder um décimo de seu valor em relação ao dólar em dez anos, e seu foco de política externa, que viu a Turquia enfurecer o Ocidente ao cultivar laços com a Rússia e os estados do Golfo.