Na Holanda, as eleições gerais começaram nesta segunda-feira (15) e vão até a noite de quarta-feira (17) por causa da pandemia do novo coronavírus. Os eleitores vão às urnas para renovar a Câmara dos Deputados, responsável por eleger um novo governo.
A eleição ocorre dois meses após a renúncia de Mark Rutte do cargo de primeiro-ministro por causa de um escândalo ligado a auxílios para famílias pobres. Porém, ele é o favorito para obter um quarto mandato consecutivo, de acordo com as pesquisas. Além disso, o partido de Rutte, de centro-direita, deve obter mais cadeiras na Câmara do que qualquer outro.
Há décadas na Holanda, o novo governo surge de uma coalizão porque nenhum partido tem potencial para garantir a maioria absoluta do parlamento. Portanto, segundo analistas, é preciso uma aliança de três ou quatro formações políticas para ter um governo. Nomeado após as eleições de 2017, o governo anterior, por exemplo, era composto por quatro partidos e demorou 225 dias para chegar a um acordo – um recorde na história do país.
A votação na Holanda também são as primeiras eleições gerais em um país europeu onde medidas restritivas contra a pandemia do coronavírus estão em vigor. Em janeiro, Portugal elegeu apenas o presidente do país. Para evitar aglomerações e permitir que todos votem, a Holanda decidiu manter as urnas abertas por três dias consecutivos. Além disso, fez algumas concessões: por exemplo, é possível votar mesmo depois do toque de recolher, que no país começa todos os dias às 21h.
Queda e ascensão de Rutte na Holanda
O governo Rutte renunciou há dois meses devido a um escândalo ocorrido em 2012, mas que a opinião pública considerou bastante grave. Em resumo, o governo acusou de fraude 20 mil famílias que pediram subsídios mensais como contribuição para a educação dos filhos.
Rutte já era primeiro-ministro na época. Depois de muitos anos, descobriu-se que as famílias em questão foram processadas por erro burocrático. Metade delas é formada por pessoas com dupla nacionalidade, portanto de origem estrangeira. Como resultado, algumas famílias se endividaram para compensar a falta de ajuda da Holanda.
O terceiro mandato de Rutte também se complicou com os protestos contra as medidas de distanciamento e o encerramento das atividades durante o lockdown. De acordo com a Bloomberg, as manifestações, algumas violentas, foram as mais graves em 40 anos na Holanda.
Apesar das dificuldades, Rutte sempre se manteve firme à frente das pesquisas, sobretudo graças ao apreço da população pela gestão da pandemia. Conforme especialistas, em tempos de crise, a popularidade dos líderes em exercício aumenta, e Rutte tem sido muito hábil em mantê-la alta.
Mark Rutte é primeiro-ministro da Holanda desde 2010 e, se conseguisse um quarto mandato, seria um dos líderes mais antigos da União Europeia, depois de Angela Markel, a chanceler alemã, e de Viktor Orbán, o primeiro-ministro da Hungria.
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