Um ciclo está se fechando em 2021, mas as notícias sobre a economia brasileira não são as mais animadoras. A taxa de inflação do Brasil acelerou mais rápido do que o esperado, o Banco Central tem lutado para controlar os preços, no entanto, a maior economia da América Latina está lutando contra a desvalorização da moeda e a recuperação estagnada após a pandemia.
O aumento geral dos preços é resultado de uma série de fatores negativos, entre eles o aumento de commodities, como o petróleo bruto. Além disso, há gargalos na cadeia de suprimentos e alimentos, após a interrupção do coronavírus e as secas, contribuindo para esse fenômeno global.
Inflação em 2021
Para uma grande parte dos brasileiros está cada vez mais difícil comprar até mesmo os itens básicos. Muitos dos consumidores reclamam que, durante a semana, quando vão às compras, os preços estão mais altos, tendo que tirar algum produto do carrinho.
Essa luta não é individual, mas reflete o desconforto no bolso de milhares de brasileiros, à medida que o aumento dos custos, desde o petróleo até a carne, empurrou a taxa de inflação para dois dígitos pela primeira vez em anos.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que mede as projeções oficiais de inflação, fechou em 10,42% em 2021, sendo a porcentagem mais alta desde 2015 quando o IPCA-15 fechou em 10,71%.
Como medida de contenção, o BC tem sido um dos mais agressivos diante da inflação, elevando a taxa básica de juros, a Selic, sete vezes este ano, de uma baixa histórica de 2% para 9,25%.
Mais afetados pela inflação
A inflação trata-se de uma medida de quão rápido os preços de bens e serviços na economia brasileira estão subindo. Desse modo, se a inflação está na casa de dois dígitos, os preços dos itens de necessidade básica, como alimentos, tendem a subir, impactando negativamente a sociedade.
Alimentos
Segundo dados do IBGE, após alta de 14% em 2020, os preços dos alimentos continuaram subindo em 2021, com alta de 7% entre janeiro e novembro. Já no meio rural, as questões climáticas, como secas e geadas prolongadas, prejudicaram grandes safras do país, provocando a alta dos preços.
Além disso, a redução da oferta de gado fez com que os preços da carne disparassem. Portanto, de acordo com os dados do Itaú BBA, quando olhamos os carrinhos de compras dos consumidores brasileiros em 2021, vemos uma queda no consumo de carne bovina.
De acordo com o relatório, houve uma queda de 2%, que representa 5,24 milhões de toneladas de carne bovina consumida, a menor em 12 anos. Por isso, as famílias brasileiras estão cada vez mais se voltando para fontes alternativas de proteína, como ovos, para fazer sua dieta diária.
Câmbio
A valorização do dólar americano em relação ao real encarece os produtos importados que chegam ao Brasil, como combustíveis, bens duráveis e a maioria dos componentes industriais básicos.
Muitos são os fatores que levam ao seu aumento, mas entre os principais, podemos destacar o cenário político e econômico do Brasil, que é impulsionado pelo nervosismo dos investidores, e a estratégia do governo para evitar tetos de gastos e financiar grandes programas sociais.
De acordo com pesquisa realizada pela Austin Rating, o real é a 38ª moeda do mundo com pior desempenho em relação ao dólar americano em 2021. É importante destacar que o dólar americano fechou em alta acima de R$ 5,63 no último pregão de novembro.
O que esperar para 2022?
As perspectivas negativas refletem os riscos que se colocam à economia, nomeadamente ao nível das finanças públicas, num contexto de restrições nas condições de financiamento e de crescentes dúvidas sobre a credibilidade do teto de gastos.
A incerteza fiscal, a inflação mais alta e a volatilidade real exercerão pressão sobre a economia em 2022 e aumentarão o risco de uma recessão total. O aumento dos custos dos empréstimos soberanos e o aumento dos déficits primários farão com que as finanças públicas se deteriorem novamente em 2022.
Em suma, a possível polarização nas eleições de 2022 pode exacerbar os riscos de queda.