Armínio Fraga, economista e ex-presidente do Banco Central, afirmou nesta sexta-feira (11) que, em sua visão, o governo federal chefiado pelo chefe do Executivo Luiz Inácio Lula da Silva está espelhando uma situação de “cobertor curto” e não tem planos para cortar e excluir gastos.
A declaração dele foi feita durante uma entrevista ao canal “CNN Brasil”. Na ocasião, o economista disse que, atualmente, o que tem sido visto é um esforço, quase que exclusivo, de atribuir o problema para o lado da receita. Mas, do lado da despesa, de acordo com ele, existe muita coisa que pode ser feita.
“Tem espaços que permitiriam não só acalmar nossa vida financeira, mas também mudar as prioridades dos gastos, como Previdência, folha de pagamento do governo, um monte de subsídios. Isso permitiria uma trajetória de queda da dívida. Hoje, mesmo com o esforço que todos reconhecem, vai ser difícil e a dívida vai continuar subindo”, disse ele.
Em outro momento, o ex-presidente do Banco Central ainda ressaltou que o que se procura são soluções permanentes, no entanto, não são suficientes. “Ficam contando com pequenos ajustes não recorrentes quando se quer recuperar uma credibilidade fiscal que foi perdida no governo Dilma”, disse o economista.
Assim como publicou o Brasil123, o governo federal tem até o próximo dia 31 de agosto para enviar ao Congresso Nacional o Projeto de Lei Orçamentária de 2024 – no documento, o Executivo terá que mostrar, de forma clara, quais serão as medidas para cumprir a meta fiscal de tirar as contas do vermelho e zerar o déficit primário.
Segundo Armínio Fraga, alterar esse déficit primário de uma vez é um exagero, pois, para ele, essa situação pode ser corrigida ao longo do tempo. “Quanto ao déficit zero, é importante lembrar o que estamos fazendo do déficit primário, pois ele não vai zerar tão cedo”, disse o especialista.
Em outro momento, o economista lembra que o Brasil possuí uma taxa de juros muito alta e que isso precisa ser incorporado ao processo olhando a trajetória da dívida para frente. “Houve uma queda recente, mas foi, sobretudo, por inflação alta e preço das commodities também altas. Mas, isso não vai ficar subindo para sempre”, disse o especialista, explicando que, por esse motivo, é difícil chegar zerar o déficit primário.
“Isso já é um problema, porque o Brasil precisa caminhar com um superávit para estabilizar a nossa vida financeira, acalmar as expectativas e fazer com que o país tenha um juro de longo prazo mais baixo”, finaliza.
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