Com a possibilidade de um Orçamento para 2024 com pouca racionalização de gastos e muito dependente de um aumento na arrecadação para fechar a conta, pode haver uma reversão na atual aceitação que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, principalmente, seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguiram alcançar nestes primeiros meses de gestão.
Veja quais são os desafios do governo no Orçamento de 2024
De acordo com uma reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” publicada neste sábado (12), na prática, uma reversão significa que o mercado pode voltar atrás e precificar para cima o dólar, fazer com que a bolsa caia e os juros e inflação voltem a crescer.
Assim como publicou o Brasil123, por lei, o governo federal tem até o próximo dia 31 deste mês de agosto para apresentar o Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) de 2024 e, com ele, mostrar como irá cumprir a meta fiscal prometida pelo próprio governo, que é de tirar as contas do vermelho e zerar o déficit primário no ano que vem – ou seja, não voltar a gastar mais do que arrecada.
Em entrevista ao jornal citado, Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, afirmou que especialistas estão fazendo contas e elas não fecham. “Vai ter aumento do salário mínimo, vai ter reajuste de servidor, mas não sabemos como a arrecadação vai crescer. Os economistas estão fazendo as contas, mas as contas não fecham”, disse.
Ainda conforme ele, até o momento, esse fato ainda não tem afetado os ativos de risco, mas irá se acumulando e, em algum momento, se ficar claro que falta consistência no que está sendo proposto, eles podem reagir”. “Isso, ainda neste ano”, alertou.
O especialista explica que uma das consequências pode ser o aumento no dólar e o fato de que possa haver uma pressão dos mercados, o que tende a fazer com que os juros futuros subam, mesmo depois do alívio que tiveram com o corte recente da taxa Selic. Segundo ele, esses são alguns dos efeitos possíveis e mais imediatos.
“As expectativas mais longas para a inflação já refletem esse ambiente fiscal [mais expansivo]. As projeções para 2025 e 2026 do Boletim Focus estão m 3,5%, e não 3%, que é a meta”, explica Adauto Lima, que ainda alerta para uma possível amargada na bolsa de valores.
“Se os juros longos sobem, afetam a percepção de retorno da bolsa”, explica ele, finalizando que, caso fique claro que o aumento de tributos a ser feito será ruim para as empresas, “isso pode impactar o desempenho das ações delas”.
Leia também: Novo PAC: ministro diz que governo fará investimento com responsabilidade