No primeiro trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve um aumento de 1,9%, mostrando bom resultado da economia brasileira. A performance foi uma surpresa para grande parte do mercado, dado que as previsões apontavam para um crescimento em torno de 1,2%. O resultado colocou a economia brasileira no topo do ranking de crescimento da economia entre uma pesquisa feita com 49 países, segundo dados da agência classificadora de risco, Austin Rating.
De acordo com a agência, as três economias que mais cresceram no mundo durante o primeiro trimestre foram: Hong Kong (5,3%), Polônia (3,8%) e China (2,2%). O Brasil ficou em quarto lugar, com 1,9%, ficando a frente de países desenvolvidos como Portugal (1,6%), Estados Unidos (1,3%) e Canadá (0,9%).
Contudo, um fator a ser ponderado é que a economia brasileira produz menos em termos absolutos, sendo considerado “mais fácil” ter uma aceleração maior, dado que a base de cálculo é menor do que a de países como os Estados Unidos, por exemplo. Segundo o economista e doutor em História Econômica pela USP, Luiz Alberto Melchert, “mesmo que combalida, a economia do Brasil é grande demais para que essa regra se aplique plenamente”. “O que acontece é que, depois de uma série de mau resultados, o denominador fica menor, daí os índices de crescimento podem parecer surpreendentes”, apontou.
Bancos revisam projeções sobre economia brasileira
Após a apresentação do resultado do primeiro trimestre deste ano, algumas instituições financeiras revisaram o crescimento da economia brasileira para este ano. Ao todo, 10 bancos refizeram os cálculos. A surpresa positiva, com margem de crescimento na agropecuária melhora o índice de consumo e resiliência do mercado de trabalho, o que aumenta o otimismo com as projeções.
Com isso, as instituições que realizaram projeções apontam um cenário mais otimista do que o esperado. Por exemplo, o Bank of America revisou o crescimento do PIB em 2023 do Brasil de 0,9% para 2,3%, a maior correção das projeções entre as instituições financeiras. De acordo com os analistas David Becker e Natacha Perez, os resultados do PIB refletem os efeitos da política monetária do Banco Central.
O Citibank também reviu suas projeções, antes apontava um crescimento de 1%, atualmente igualou a projeção com o Bank of America, para 2,3%. O mesmo ocorreu com o Bradesco, no entanto, as previsões do banco eram mais otimistas, com crescimento entre 1,5% e 1,8%, agora o banco aponta para uma expectativa de crescimento da economia para 2,1%.
Crescimento é puxado pela agropecuária
De acordo com os dados do IBGE, o PIB do primeiro trimestre foi puxado pela agropecuária, que teve alta de 21,6% no período. O resultado pode ser explicado pelo aumento da produção de soja, principal lavoura de grãos do país, concentrando 70% da safra no primeiro trimestre e que possui expectativa de fechar o ano com recorde.
“A soja tem peso muito grande, especialmente no primeiro semestre do ano, quando a gente tem a colheita. E a soja tem expectativa de crescimento de quase 25% e com ganhos de produtividade”, disse a pesquisadora do IBGE Rebeca Palis. “A soja foi a grande responsável pelo crescimento da economia como um todo”.